CPI da Câmara dos Deputados ouve atingidos por barragens

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Na última segunda-feira (16), atingidos por barragens vindos de diversas cidades mineiras compareceram à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para apresentar novas demandas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, que apura o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro deste ano.

Entre os prejudicados por barragens, estavam moradores dos municípios de Brumadinho, Nova Lima, Congonhas, Ouro Preto, Itabira, Itabirito, Juatuba, Barão de Cocais, Curvelo, Felixlândia, entre outras cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e da Região Central.

Os participantes lotaram diversos espaços da ALMG para acompanhar a audiência. Vários deles levantaram uma mesma questão, que trata da dificuldade de reparação para os atingidos de forma indireta. Essas pessoas, embora não estejam nas chamadas áreas de mancha da barragem, reclamam ter perdido, por exemplo, o modo de vida, como a pesca, o turismo ou mesmo o acesso à água potável.

As novas demandas levadas à Casa apareceram como resposta a última reunião da CPI, ocorrida antes da apresentação do relatório final, que buscou, sobretudo, levantar pontos que pudessem ser acrescentados aos documentos já produzidos por CPIs do Senado, da ALMG e da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte.

De acordo com o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), que preside a comissão da Câmara, a CPI da casa se difere das demais porque tem como objetivo avaliar formas de reduzir os riscos de novas tragédias. Ainda de acordo com Delgado, o objetivo é aprovar o relatório na primeira semana de outubro.

Atingidos por barragens prestam homenagem e pedem continuidade das buscas em Brumadinho

A audiência na ALMG foi iniciada com um minuto de silêncio dedicado às 270 vítimas fatais de Brumadinho, 21 delas ainda não encontradas. A associação das vítimas aponta um número maior, que corresponde a  272 mortes, incluindo-se dois bebês “impedidos de nascer”, conforme destacou Carolina, da Comunidade da Jangada, em Brumadinho.

Além da homenagem, depoimentos de parentes de vítimas que ainda não tiveram os corpos encontrados marcaram o encontro. Josiana Resende falou sobre a morte da irmã, Juliana, e do marido dela, Dennis. O casal deixou gêmeos de dez meses e Juliana segue desaparecida após quase oito meses da tragédia.

“As buscas devem ser mantidas para que a gente possa se despedir”, pediu Josiana. Chorando, o pai de Juliana, Geraldo, também fez o mesmo apelo. “Alguém consegue imaginar a minha dor?”, indagou.

Deputados cobram punições para o desastre em Brumadinho e defendem cassação de lavra no Quadrilátero Ferrífero

Deputados federais presentes na reunião, como o deputado Vilson da Fetaemg (PSB-MG), Padre João (PT-MG) e Domingos Sávio (PSDB-MG), cobraram punições para o desastre ocorrido em Brumadinho. Os parlamentares também destacaram que a empresa tinha conhecimento da instabilidade da barragem. “O dano indireto também tem que ser indenizado. Se a Vale não comprovar isso, tem que perder o direito de lavra em todo o País”, disse Domingos Sávio.

Outros, como Virgílio Guimarães (PT), ainda defenderam que os direitos de lavra sejam cassados na região mineira conhecida como Quadrilátero Ferrífero, que abrange os municípios de Belo Horizonte, Congonhas, Itabirito, Mariana, Nova Lima, Ouro Preto, Sabará e Santa Bárbara, que têm patrimônio histórico, água e comunidades tradicionais.

*Com informações da ALMG.

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