A “guerra” direta x esquerda no Brasil está mergulhada em profundas camadas, uma dela é a saúde pública. Durante a crise do coronavírus que adentrou o país, a polarização política se intensificou tal qual aconteceu no período pré-impeachment de Dilma Rousseff e na campanha eleitoral de 2018.
Motivada por políticos de lados opostos, a população tem reproduzido nas redes e na vida os bordões “Fique em Casa” e “O Brasil Não Pode Parar”, o que expõe a vontade de ambos os lados, em outras palavras, enquanto uns se importam com a proliferação da Covid-19, outros estão preocupados com a situação econômica do país.
As duas áreas são importantes para os brasileiros. A economia do Brasil sólida explora o setor primário: a agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo vegetal e caça, e também o setor secundário, que utiliza do material primário para a industrialização de vários itens como, roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc. Vale destacar também o papel do setor terciário na economia. Esse setor trata de serviços não materiais, como comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos, transportes, etc.
Como podemos ver, a economia, quando desestabilizada, pode atingir diversos setores, incluindo os essenciais. O grande problema em especial do Brasil é que mesmo com tudo funcionando normalmente, a economia é incapaz de alcançar as famílias mais vulneráveis. No Brasil a desigualdade social tem se aprofundado há cinco anos, é o que aponta o estudo “A Escalada da Desigualdade”, realizado pela Fundação Getúlio Vagars (FGV). O principal motivo que coloca o país nessa situação ainda é a falta de emprego.
“A vida em primeiro lugar, mas, sem emprego, a sociedade enfrentará um problema tão grave quanto a doença: a miséria”, disse o presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia do coronavírus.
Contrariando o que mostra a experiência da Itália, China e Estados Unidos, o Governo Federal brasileiro quer incentivar as pessoas a voltarem às atividades normais, quebrando assim o círculo da quarentena, sustentado pelo argumento de que o país pode falir economicamente: “a gente já chegou no limite”, disse Bolsonaro nessa segunda-feira (30).
Por outro lado, lideranças de partidos de esquerda defendem que no Brasil o desemprego e a fome são realidades que existem muito antes do surgimento do coronavírus, e que não podem ser usados como argumento para cessar o isolamento domiciliar que muitos vêm fazendo há dias, pois países que adiaram o isolamento social tiveram dificuldades para conter a doença. Diversos profissionais da saúde também vem alertando para o que aconteceu na Itália após um grande atraso do governo para tomar medidas mais duras, como o isolamento social.
Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts e do FED (o banco central americano), concluiu que nos municípios onde medidas drásticas contra o vírus, como o isolamento social, por exemplo, foram tomadas antecipadamente, o número de óbitos foram diminuídos e a economia menos prejudicada com relação a outras cidades que não foram tão cautelosas.
Com isso, devemos concluir que no Brasil que a Covid-19 não trata de disputa de lados, trata-se de vidas humanas que podem ser perdidas não apenas para um vírus, como para a ignorância. Precisamos aprender a nos basear em dados técnicos mais do que em correntes, vídeos e áudios repassados nas redes sociais, pois a ciência salva uma vida, já o achismo pode matar.
Se existe disputa de lados quanto ao coronavírus, ela se dá por dois únicos lados, o da vida e o da morte, de qual lado você está?