Cruzeirenses, sejamos menos “viúvas”

Publicado: última atualização em

O termo “viúva” é usado no futebol para caracterizar torcidas e/ou torcedores que não esquecem de jogadores que passaram por seus times, geralmente com algum destaque e sempre pede a volta dos mesmos. E isso não é exclusivo de uma ou duas torcidas, mas de todas. Jogador ama prometer: “Um dia eu volto”. E torcedor não esquece.

Mas mesmo com essa particularidade se estender à todas as torcidas, recentemente um comportamento de parte da China Azul vem me incomodando. Em toda e qualquer notícia relacionada ao Cruzeiro, nas redes sociais do clube ou em qualquer outro lugar, se veem comentários relacionados a volta de certos jogadores, principalmente Ricardo Goulart. Outro dia por exemplo, numa publicação do Twitter oficial do Cruzeiro que informava que Barcos jogaria com a camisa 28, uma torrente de críticas e comentários desprovidos de noção com relação à camisa que foi utilizada por Goulart em seu último ano de Cruzeiro. Alguns criticavam as escolhas do número dizendo que este deveria ser guardado para o “craque”. Alguns lamentavam que era agora que ele não voltaria mesmo. Chegaram a pedir pra APOSENTAR a camisa. APOSENTAR a camisa de um jogador que ganhou dois títulos importantes pelo nosso time e depois foi para a china. Zé Carlos, Ricardinho, Raul, perdoem essas pessoas ruins.

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Mas não me entenda mal, querer bons atletas em seu time não é errado. Goulart realmente é muito bom. Mas endeusar atletas como ele e Marcelo Moreno é algo incompreensível. Querer um cara no seu time, ok. Querer ele no seu time, acima do bem da equipe, só por ele estar, por idolatria, é o que não é legal. Me assustou um ‘cado’ a repercussão da suposta proposta de quase 70 milhões de reais que o Cruzeiro teria enviado ao Guangzhou Evergrande, para repatriar o ex-camisa 28. Um time atolado em dívidas como o nosso enviando uma proposta desse porte a qualquer jogador, mesmo com ajuda de investidores é no mínimo absurda. E por diversos fatores. O primeiro é que o valor é basicamente o mesmo que vendemos ele, a quase 4 anos atrás. Nesse tempo ele se destacou, mas foi na China, um país com futebol de nível totalmente inferior. Trazer um jogador mais velho, já se aproximando dos 30, após 4 anos num mercado alternativo, pelo mesmo valor pago é no mínimo loucura. Outro fator importante é o encaixe no time. Apesar de Goulart ser um grande reforço para qualquer equipe, temos maiores carências no elenco. Por metade desse valor resolveríamos problemas mais urgentes, como o homem de velocidade no ataque, coisa que Goulart, que ocupa a mesma faixa do gramado que Thiago Neves, mas com funções ligeiramente diferentes, não é. O ótimo Éverton trocou o Flamengo pelo São Paulo por R$ 15 milhões. Diz se ele não resolveria nossos problemas aqui? E ainda de quebra dá para buscar um bom lateral esquerdo e uma promessa sul-americana e pagar umas contas. E por fim, acredito piamente que Goulart não é, tecnicamente, um jogador que mereça um investimento tão alto. O jogador atuou em ótimo nível aqui, mas cercado de grandes jogadores, num esquema que o favorecia totalmente. E ainda assim conviveu com momentos de queda de rendimento e críticas, principalmente no início de 2014. Será que ele se daria bem num time pior, ou que joga diferente? Seus anos na China são espetaculares, mas lá não é parâmetro. Diferente do que muitos pensam, Ricardo Goulart não é uma certeza. Queria ele aqui? Sim. Mas sem loucuras, por favor.

Marcelo Moreno é outro caso. Sou fã e acho um atacante completo, com a cara do Maior de Minas. Mas vale um salário mensal de dois milhões de reais? De jeito nenhum. O jogador vira e mexe aparece e faz uma gracinha, afirmando que quer voltar e ouriça a torcida. Mas diminuir a pedida ninguém quer, não é mesmo? Willian, o anti-gol de 2015 e em boa fase no Palmeiras também vira e mexe é citado. Para quê? Esse ano vi torcedores pedindo a volta de Kléber. Se voltasse, tudo bem, mas pedir a volta do Gladiador já é demais.

Temos que entender, ex-jogador do clube não é Deus, promessas no futebol são quebradas e uma ou duas temporadas boas não são garantia de sucesso. Éverton Ribeiro é um exemplo de tudo isso, sempre pedido e com promessas de voltar, foi ganhar grana no Flamengo e apesar de alguns grandes momentos com a camisa rubro-negra, não lembra nem de perto o jogador que assombrou o Brasil vestindo a camisa azul celeste. Ou até mesmo meu ídolo máximo no futebol, Alex, que sonhamos 10 anos com sua volta, que jamais aconteceu. E hoje nosso camisa 9, Fred, que vestiu o pano do rival? Não esqueço não viu Frederico, só depois de mais 49 gols.

Enfim, temos que enxergar além do que mais do mesmo. É mais cômodo pedir atletas que já passaram por aqui, se identificaram e etc. Mas é mais importante olhar o que o time precisa e o que ele pode. Assim ajudamos mais nosso clube do coração.

Mas de viúva no futebol, todo mundo tem um pouco e até eu vou me render. Ramires, guerreiro, volta pro Cruzeiro!!! Mas vem barato, vem por amor. Temos dívidas para pagar.

Leia também: Precisamos do VAR no Brasil

COMENTÁRIOS

1 comentário

Altyer Otoni 24/07/2018 - 01:46

Isso mesmo! Totalmente de acordo. Tem nego que viaja demais..

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