O Dia Mundial do Livro — celebrado em 23 de abril — é uma oportunidade para reconhecer a longa trajetória de um dos instrumentos mais poderosos de transmissão do conhecimento. Desde as primeiras inscrições em tábuas de argila até os atuais formatos digitais, o livro acompanha a humanidade em suas transformações culturais, políticas e tecnológicas.
A origem do livro remonta às civilizações mais antigas. Sumérios, egípcios, chineses e gregos já utilizavam suportes como argila, papiro, seda e pergaminho para registrar histórias, leis e rituais. O formato de códice, precursor do livro como conhecemos, foi difundido no Império Romano e consolidado na Idade Média, quando os manuscritos copiados por monges eram repositórios do saber.
Mas foi com a invenção da prensa de tipos móveis por Gutenberg, no século XV, que o livro deixou de ser um item restrito às elites religiosas e passou a circular em maior escala. A impressão em massa facilitou o acesso à informação, como também fomentou movimentos históricos como o Renascimento, a Reforma Protestante e a difusão da ciência moderna.
Nos séculos seguintes, o livro se consolidou como ferramenta de alfabetização e instrumento de resistência. Em diferentes contextos, foi censurado, proibido, queimado — justamente por carregar o potencial de questionamento e transformação. Ao mesmo tempo, foi promovido como símbolo de liberdade intelectual, patrimônio cultural e direito universal.

No século XXI, o livro ganha novas formas. O crescimento dos e-books, audiolivros e bibliotecas digitais expande o alcance da leitura, mas também desafia a permanência do papel impresso e impõe a necessidade de políticas públicas que garantam o acesso ao conteúdo de qualidade em múltiplas plataformas.
Segundo a 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada em 2024, 47% da população brasileira não leu nenhum livro, nem mesmo parcialmente, nos três meses anteriores à entrevista. O dado acende o alerta: comemorar o livro exige também discutir o acesso, a formação de leitores e o incentivo à leitura desde a infância.
O Dia Mundial do Livro é e sempre será motivo de celebração, mas também é um chamado à valorização da leitura como ferramenta de desenvolvimento individual e coletivo e à preservação do livro como legado civilizatório. Afinal, enquanto houver leitores, haverá caminhos abertos para o pensamento crítico, a empatia e a liberdade.