Rafael Dudamel não é mais treinador do Atlético. O técnico venezuelano chegou ao Galo no segundo dia do ano e comandou a equipe em 10 partidas, somando quatro vitórias, quatro empates e duas derrotas, dando um aproveitamento de 53,3%. Pelos números, analisando friamente, parece precoce a decisão de demiti-lo com menos de dois meses de trabalho. Era defendido que Dudamel tivesse tempo para se adaptar ao futebol brasileiro, ao funcionamento dos clubes, já que só havia treinado a seleção da venezuela e teve pequenas passagens pelo Estudiantes de Merida e Deportivo Lara.
Porém, a decisão de demitir o treinador não foi apenas de análise numérica de desempenho, mas de evolução, coerência e produtividade dentro de campo. Dudamel já utilizou 28 jogadores do elenco, mas não encontrou a escalação ideal do Atlético para a temporada.
Mas o mais grave para o Atlético foi ter perdido as únicas duas competições que poderia obter lucro ainda em fevereiro. Foram duas eliminações em uma semana: uma na primeira fase da Copa Sul-Americana contra o Unión Santa Fe, 18° lugar no Campeonato Argentino; e a mais recente contra o Afogados de Pernambuco, da quarta divisão do Campeonato Brasileiro, um dos maiores vexames da história do clube.
E ainda, na somatória, o Atlético está na quarta colocação do Campeonato Mineiro, competição que era favorito indiscutível, já que seu maior concorrente, o Cruzeiro, está em uma profunda crise. Com tudo isso, o Atlético também entra em crise em pleno segundo mês do ano e irá precisar de reformulação da comissão técnica e da diretoria de futebol.
Erros de Dudamel
Pontuando os erros do ex-técnico do Atlético, é possível enxergar uma sequência de equívocos que o treinador persistiu. Iniciando pela escalação do time sem um armador no meio de campo, atribuindo essa função aos volantes Jair e Allan, e possuindo um meio de campo com três volantes junto de Zé Welison, que errou bastante em sequência de jogos.
Com a formação de três volantes no meio de campo e sem um armador, o Atlético venceu o Uberlândia e Tupynambás, empatou com o Coimbra e foi goleado pelo Unión Santa Fe. Ainda com Zé Welison em campo, o Galo empatou com o Campinense da Paraíba (que disputa o Campeonato Brasileiro Série D) e perdeu para o Caldense. Mas o jogador pareceu ser um protegido por Dudamel, que bancou a escalação do atleta em seis partidas, tendo vencido apenas duas delas.
“Mudança”
Mas a resposta do treinador veio com a vitória sobre o Unión Santa Fe no jogo da volta da primeira fase da Copa Sul-Americana. O Atlético entrou com uma escalação diferente em um esquema com três zagueiros, colocando Guga e Guilherme Arana como alas no esquema tático. Além disso, a entrada do meia Nathan na armação do time deu outra cara para o sistema ofensivo da equipe alvinegra. Isso fez com que, no primeiro tempo, o Galo saísse na frente com o placar de 2 a 0. Porém, o time atleticano parou aí e foi eliminado mesmo vencendo a partida.
Então, Dudamel demonstrou ter variação tática, porém sem criatividade. O Atlético, sem Réver, manteve o esquema tático com três zagueiros, escalando Maidana e, mais uma vez, sem o armador no meio de campo contra o Afogados de Pernambuco, da quarta divisão do Campeonato Brasileiro. Erro fatal. O Galo entrou em campo sem força ofensiva, sem organização e sem um plano de jogo definido, o que permitiu a equipe pernambucana estar na frente do placar duas vezes durante a partida. Nos pênaltis, o time mineiro foi eliminado.
Teimosia
E ainda há tempo para dizer em mais um erro de Dudamel: a persistência com Di Santo no ataque. O centroavante atleticano não teve uma partida que justificasse sua permanência no time titular. Seu concorrente, Ricardo Oliveira, também está longe de estar em uma boa fase, estava há seis meses sem marcar um gol, porém, sua bagagem, experiência, tempo de clube davam maiores perspectivas de alguma produtividade do que o atacante argentino. Ainda assim, o elenco do Atlético é jovem e veloz e o treinador venezuelano não encontrou maneiras de variação tática para jogar sem um homem de referência jogando dentro da área.
Para finalizar as pontuações dos erros de Dudamel, sua postura extra-campo incomodou grande parte da imprensa, pois teve todos seus treinos fechados, não permitindo a avaliação dos setoristas de seu trabalho que não demonstrava evolução alguma. E também, o técnico venezuelano tem a característica de ser um comandante cascudo, que confia em suas convicções, algo que parecia ser positivo para o Atlético, mas não passou de uma teimosia.
Portanto, o resultado de tudo isso é de que Rafael Dudamel é o 11° treinador demitido do Atlético em menos de cinco anos. Em menos de dois meses de trabalho, o técnico venezuelano provou que não era o que o clube precisava para o momento.
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