A industria musical movimenta montanhas de dinheiro e é um dos negócios mais lucrativos do mundo. Contratos milionários com gravadoras, megaproduções e super eventos fazem parte da vida de uma pequena parcela de artistas. Mas e o outro lado? O lado independente do mundo da música? E o lado independente da música marginal, que vem da cultura periférica, onde jovens artistas precisam se desdobrar para conciliar o mundo artístico com as responsabilidades e preconceitos do dia a dia?
Bom, essa é a realidade de diversos nomes em ascensão da música mineira. E, alguns destes nomes, já vem alcançando grande projeção nacional. Com muita autenticidade, os artistas vem galgando passo a passo seu espaço e descentralizando a produção do eixo Rio-São Paulo e desvinculando do vínculo com gravadoras e etc.
Vamos conhecer um pouco desses artistas, frutos das gerais, e do seu estilo.
Atenção: algumas das músicas possuem conteúdo explícito.
Sidoka
Uma das maiores revelações do trap, subgênero do rap, em 2019, o garoto Nicolas, ou simplesmente “Doka”, vem conquistando fãs por todo o Brasil. Sidoka despontou em 2018, após uma participação na música “UFA”, com os já consagrados Djonga e Sant. O jovem trapper se destaca pela autenticidade no estilo de cantar, com um flow rápido e mutável, voz estridente e muitos efeitos sonoros que dão uma vibe única para seus sons. O estilo de se vestir e portar também é único. Luvas, óculos juliet, camisas de time e corta-ventos “malados” são suas marcas.
O jovem MC estourou na virada de 2018 para 2019, com o clipe 07, que tem uma pegada estética visual e musical únicas. No momento da matéria, o clipe já tinha 3,6 milhões de visualizações, ótimos números no mundo do trap. Confira:
Sidoka já tem diversos singles lançados, além de dois discos e um EP lançados. Tudo isso num período de menos de um ano. O cara não para.
Mc Rick
Quem nas festas ou mesmo nas ruas nunca ouviu um “MC Rick chegou” ou um “Rick na voz bebê”? O funkeiro já está na caminhada há anos, tendo lançado sucessos desde novo. Mas a melhor fase do artista parece ser atual. Hit atrás de hit e com diversas parcerias de sucesso, Rick levou o Morro do Papagaio de Belo Horizonte para todo o Brasil. Com letras, em sua maioria esmagadora, não recomendadas para menores de 18 anos e batidas envolventes, o jovem MC ajudou a popularizar a febre dos “Passin”, comumente vistos sendo feitos em sincronias desde os bailes de favela as festas de luxo.
As letras de MC Rick são criativas e pouco repetitivas, com muitas expressões genuinamente mineiras e um ar cômico nos clipes e composições. O garoto é um barato!
FBC
Fabrício FBC é um dos nomes mais respeitados no rap nacional. Com muitos anos de caminhada, o artista exala versatilidade e já se aventurou por diversas vertentes musicais. Com letras que vão das críticas sociais do boombap até a ostentação do trap, FBC se mostra completo. O MC, em suas composições, jamais deixa de exaltar suas origens e pregar a “melhoria” para os seus. E, mesmo nas suas produções voltadas para o trap, o artista não deixa de mencionar e fazer críticas sobre questões sociais.
FBC, além da carreira solo, faz parte do consagrado grupo DV Tribo. No ano passado o rapper lançou seu álbum, S.C.A., sucesso de crítica. Recentemente, Fabrício divulgou um EP com seis faixas.
Delatorvi
O Jovem Prince é mais um da safra do trap mineiro. De Nova Lima, Delatorvi se destaca pela dedicação em fazer o “real trap” e por suas posições políticas, principalmente em questões raciais e sociais. Frequentemente em suas composições e redes sociais, o jovem músico tem opiniões duras sobre preconceito e ideias de mercado. Apadrinhado pelo icônico Raffa Moreira e membro do grupo Savage MOB, que conta com nomes como Izumed e Loc Dog, o MC já fez, inclusive, uma música onde problematiza a questão racial usando a loja de roupas com presença internacional Forever 21 como exemplo.
Hot e Oreia
Os mais ímpares, apesar de serem uma dupla, e experimentais da lista. Hot e Oreia, que como FBC fazem parte do grupo DV Tribo, trouxeram para a cena do rap um toque único e intrigante. Rap, trap e tudo mais que se tem direito. O estilo deles é difícil de definir mas fácil de se apreciar. Recentemente os parceiros lançaram um álbum chamado “Rap de Massagem“. E a produção passa longe de ser só musical. Lírica, conceitual e multimídia, vide as capas interativas no YouTube, fazem a experiência de imersão no produto ser muito maior.
Além dos trabalho com o DV Tribo e em dupla, Hot e Oreia possuem produções solo e diversos feats. O maior sucesso recente foi a música “Eu Vou”, que teve a participação de Djonga. Na canção, os três MCs fazem duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro e a sua base eleitoral, e demais pessoas preconceituosas. A parte visual do clipe também ficou um espetáculo, com referências ao sucesso do cinema nacional “O Auto da Compadecida”.
MC Kaio
Outro representante do funk, MC Kaio, ou “Voz de ouro”, vem em ascensão no ano e já emplacou grandes sucessos como “Bota tudo nela” e participação na música “Tipo”, de Djonga. Kaio se destaca pela voz aveludada e pelos ritmos melódicos e sensuais das suas músicas, quase todas impróprias para menores de 18 anos, o que traz um contraste interessante.
A “voz de ouro” faz os sons de Kaio serem inconfundíveis. E, por seu estilo único, a presença dele acaba dando um ar todo especial nas músicas que grava em parceria.