No mês do Orgulho LGBTQ+, Emicida lançou seu novo single, na madrugada desta terça-feira (25), em parceria com Pabllo Vittar e Majur.
O clipe para “AmarElo” também foi lançado hoje. E ele foi gravado no complexo do Alemão, um dos maiores conjuntos de favelas da Zona da Leopoldina, no Rio de Janeiro.
Também o novo disco do artista, leva o nome do single lançado, “AmarElo”, e está previsto para ser lançado ainda este ano.
Com letra que referencia as realidades vivenciadas pelos grupos negros e LGBTQ+, população que os artistas representam, o novo trabalho sampleia a letra de Belchior “Sujeito de Sorte”, música lançada em 1976 e que segue mais atual que nunca.
“Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro”. O refrão da música do cearense é interpretado na nova obra de Emicida e não nega as estatísticas:
Segundo o Atlas da Violência 2019 lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP, 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil são pessoas negras.
Já em relação à população LGBTI+, a gravidade da violência se dá, sobretudo, pelo silenciamento de entidades responsáveis pelos levantamentos de dados estatísticos.
O estudo afirma que não se sabe exatamente qual número da população LGBTI+ no Brasil, porque “o IBGE não faz qualquer pergunta durante as entrevistas realizadas sobre a orientação sexual. ”
No entanto, o Grupo Gay da Bahia realiza levantamentos sobre homicídios dessa população. Suas pesquisas mostram que, nos últimos seis anos (2011 a 2017), as denúncias de homicídios cresceram de cinco casos noticiados em 2011 para 193 casos de assassinatos.
A potência da letra
Emicida não para por aí. O artista não só insere Belchior na nova obra como completa a letra com o seu poema “Permita que eu fale não as minhas cicatrizes”.
“Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Se isso é sobre vivência, me resumir à sobrevivência
É roubar o pouco de bom que vivi”
A letra, assim como a declaração de Emicida para o lançamento, busca levar força a essa população violentada diariamente “A ideia é que elas observem ao redor e se enxerguem maiores do que os seus problemas, independentes de quais sejam”, explica o artista.
Cheia de mensagens importantes que retrataram a realidade brasileira, a música fala sobre o amor, a luta e a força diante a diversidade do ser. O valor social que “AmarElo” possui irá provocar reflexões necessárias à realidade brasileira.
Veja a obra dos artistas:
Saiba mais
A capa do single remete propositalmente o primeiro álbum “Ainda há tempo” (2006) do artista e amigo de Emicida, Criolo.
Além de “AmarElo”, a faixa “Eminência Parda”, com participações da cantora Dona Onete e dos rappers Jé Santiago e Papillon, também faz parte do novo projeto de Emicida. Ouça a música aqui.
“Eminência Parda” movimentou as plataformas de streaming. Porque Emicida, um mês após divulgar a canção, lançou o making of do clipe dirigido pelo mineiro Leandro HBL.
A música conta a história de uma família negra e bem sucedida que ao sair para comemorar a formatura da filha recebem olhares de desaprovação. Eles vivenciam o racismo ao entrar em um restaurante chique cujo os frequentadores do local são todos brancos.
Emicida, Pabllo e Majur vão apresentar “AmarElo, no MTV MIAW 2019, evento que acontece no dia 4 de julho. Dessa forma, as expectativas para a apresentação dos artistas são as melhores possíveis.
O encontro dos três no palco, não só trará representatividade ao evento, como também levantará, de certo, discussões a respeito do crescimento alarmante de crimes contra os grupos sociais que os três artistas, Emicida, Pabllo e Majur estão inseridos.