A partir do dia 7 de janeiro, várias famílias tiveram que deixar suas casas em Ouro Preto por conta de risco de deslizamento devido às fortes chuvas. Na segunda-feira, 24 de janeiro, o número de desalojados era 462 e de desabrigados 33. Em contato com a Secretaria de Defesa Social, o Mais Minas verificou que não houve mais indicação para remoção nas novas vistorias da Defesa Civil.
No entanto, a Prefeitura de Ouro Preto, até o momento, não anunciou nenhum auxílio para os atingidos pelas chuvas na cidade, ao contrário do que já foi feito nas outras cidades da região, como Mariana e Itabirito. A demora por anúncio da administração municipal ouro-pretana tem causado irritação em parte da população.
Enquanto isso, o Governo de Minas Gerais anunciou R$ 36 milhões para a recuperação e proteção dos patrimônios históricos da cidade. Mas, nada em relação às pessoas atingidas ainda foi anunciado por parte da Prefeitura de Ouro Preto e a população ironizou algumas falas do prefeito Angelo Oswaldo (PV) que, ao receber o embaixador da Itália Francesco Azzarello no último domingo, 23 de janeiro, disse que o município está em perfeito funcionamento.
Até o o membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, fez um apelo para as autoridades sobre a situação das famílias que estão sem suas casas em Ouro Preto.
“Ouro Preto está passando por uma das maiores tragédias da sua história. Com as chuvas, os desabamentos e deslizamentos, muita gente desabrigada. Semana passada teve a queda de um casarão histórico que levou uma comoção nacional. Claro, nós precisamos defender os prédios históricos, mas nós precisamos também defender a vida das pessoas e isso tem gerado muito menos atenção. Gente que foi tirada de suas casas sem nenhuma alternativa, gente que está ameaçada por outros deslizamentos em áreas de risco e até agora o governo Romeu Zema, governador de Minas Gerais, não fez nada para atender as famílias de Ouro Preto”, disse Guilherme Boulos.
O secretário de Governo de Ouro Preto, Yuri Borges Assunção, disse ao Mais Minas no início da semana que as ações do Município ainda eram as que estavam planejadas no Plano de Contingenciamento do Município para a crise em razão das chuvas intensas. Portanto, enquanto a Defesa Civil visitava a residência de todas as famílias retiradas para avaliar se podem ou não retornar para o imóvel, não seria possível definir os eventuais benefícios.
Porém, em contato com o MM na manhã de quarta-feira, 26 de janeiro, o secretário de Desenvolvimento Social de Ouro Preto, Edvaldo César Rocha, apenas disse: “Estamos nos organizando para isso (anunciar o auxílio)“.
Também na manhã de quarta, Yuri Borges explicou que as famílias em área de risco iminente foram retiradas, mas a Defesa Civil Municipal segue fazendo avaliações geológicas das que podem ou não retornar para o imóvel, o que impacta na decisão de qual ação deverá ser tomada pela Prefeitura de Ouro Preto.
“Impacta se a família deve receber um benefício eventual em pecúnia, benefício eventual de aluguel social ou até mesmo uma nova moradia do beneficiário. É difícil comparar nossa situação com a de cidades vizinhas. Nós decretamos Calamidade Pública, salvo engano, as demais decretaram situação de emergência. Os danos de inundação são mais rápidos de serem levantados do que os de Ouro Preto, que são ocasionados por movimentação de massas. Os dados estão sendo concluídos, e em breve, serão anunciadas as ações de auxílio aos atingidos. A curto, médio e longo prazo”, declarou o secretário de Governo do Município.
Recuperação econômica
Em contato com o MM, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Ouro Preto, Felipe Guerra, salientou que está em diálogo com a Associação Comercial de Ouro Preto para fazer o levantamento se houve algum comércio que sofreu com as chuvas no município. Diferente de Itabirito e Congonhas, que sofreram com as enchentes, a Cidade Patrimônio teve grandes problemas com moradias localizadas em áreas de risco e iminência de deslizamentos de terra.
A associação está nos ajudando nisso e também estamos em conversas com o Luiz Paulo, do Sebrae Minas Gerais, para termos um plano em conjunto. O Sebrae está conversando com o Governo do Estado para conseguir recursos e fazer uma grande ação conjunta com as cidades que foram impactadas pelas chuvas. Acho que, neste primeiro momento, a prefeitura deve colocar todas as suas forças para que se resolva a questão das pessoas”, disse Felipe Guerra.
O secretário revelou ainda que em breve o Conselho de Desenvolvimento Econômico será acionado para elaborar um plano de recuperação da economia de Ouro Preto.
“Em breve nós chamaremos o Conselho de Desenvolvimento Econômico para que elaboremos um plano de recuperação da economia não só para a questão emergencial dos atingidos, mas também devido aos dois anos e meio de uma crise muito forte que o setor produtivo e o comércio vem sofrendo com os fechamentos e os problemas que a pandemia trouxe”, finalizou o secretário de Desenvolvimento Econômico de Ouro Preto.