Julho é o mês das férias e a criançada aproveita para brincar em tempo integral, seja em casa ou na rua. E uma das brincadeira preferidas por elas é soltar pipas. Porém, esse momento pode ser bem perigoso para ela e para as outras pessoas, caso haja a utilização do cerol ou da linha chilena.
Cerol e linha chilena
O cerol é uma mistura de cola de madeira com vidro moído, que as crianças passam na linhas das pipas para que consigam cortar a linha de outras pipas, em uma espécie de competição ou disputa. Entretanto, ela pode cortar mais do que só uma linha. O cerol também possui algumas modificações, como a utilização de pó de ferro no lugar do vidro moído. O pó de ferro ainda possui um agravante: ele pode conduzir eletricidade quando toca nos fios de alta tensão dos postes, causando choques elétricos e até a morte.
A linha chilena corta até quatro vezes mais que cerol. Para a fabricação da linha chilena, é utilizado óxido de alumínio e quartzo moído, conferindo um poder cortante muito grande.
Tanto o cerol quanto a linha chilena podem ser facilmente encontradas em algumas lojas, mesmo que a venda seja proibida. Para que seja difícil identificar a utilização da linha chilena caso haja uma fiscalização da polícia, as crianças colocam a pasta só em cima, perto da pipa. Mesmo diminuindo o tamanho do perigo, ele ainda existe.
Perigos e acidentes
O risco não é só para quem faz a utilização dos produtos, mas para todos que estão ao redor.
Motociclistas e ciclistas: Algumas vezes a pipa pode ficar descontrolada e acabar abaixando. A esticada pode atingir motociclistas ou ciclistas que passam na rua e acabar causando um corte no pescoço ou outra parte do corpo. Todos os anos, nesse mesmo período, são registrados vários casos de pessoas atingidas por cerol ou linha chilena.
No último dia 21, domingo, uma mulher foi atingida enquanto voltava para casa na Via Expressa em São José, Grande Florianópolis. A vítima teve o pescoço cortado por uma linha com cerol. Ela foi identificada como Josiane Marques e mesmo chegando a ser socorrida por outros motoristas e por socorristas, não resistiu aos ferimentos.
Em 2018, também em julho, o motociclista Ivan Oliveira, de 25 anos, foi mais uma vítima. Felizmente, ele sobreviveu após passar por cirurgia, internação e 14 pontos no pescoço. Ivan ia para a casa de um amigo quando percebeu a linha com cerol passar e cortar seu pescoço de um lado ao outro. Ele pilotava sua moto na Avenida dos Andradas em Belo Horizonte. Em conversa com o Hoje em Dia, Ivan disse “Eu bobiei e estava com a antena abaixada na hora. A cena foi horrível. Era muito sangue e se não fosse o atendimento rápido dos guardas que passavam no momento, talvez eu não estaria aqui”. Ele chegou em estado muito grave no pronto socorro e teve que passar por cirurgia, além de seis dias de internação e afastamento do trabalho.
Atropelamento: Há também o risco de atropelamento das crianças. Quando conseguem cortar a pipa e ela cai, eles saem correndo em direção a ela e muitas vezes não se dão conta dos carros.
Veja algumas dicas de como soltar pipas em segurança:
- As pipas devem ser empinadas longe de rede elétrica;
- Evitar o uso das “rabiolas”, pois elas agarram nos fios elétricos e podem provocar choques;
- Não utilizar papel alumínio na confecção das pipas, eles provocam curto-circuitos caso entrem em contato com fios elétricos;
- Não tentar recuperar a pipa caso ela fique presa em alguma rede elétrica. Subir em telhados ou postes não é seguro;
- Também há o risco de choque. Tentar tirá-la com varas, bambus ou qualquer outro objeto também não é aconselhável;
- Não se deve soltar pipas em dias de chuva. A pipa funciona como para-raios e conduz a carga de energia;
- Não empinar pipas em cima de lugares altos com risco de queda, como lajes e telhados;
- Nunca utilizar linha metálica ou qualquer outro metal na pipa;
- Evitar empinar em lugares movimentados, próximo a ruas e com passagem de carros.
Ciclistas e motociclistas: Utilizem a antena de proteção em suas conduções, ela pode evitar um acidente.
Campanha Nacional “Cerol Não”
A Campanha Nacional “Cerol Não” é um projeto social voluntário com duração indeterminada e não dispõe de nenhuma ajuda financeira governamental. A campanha funciona desde 2004.
Entre no site e confira mais detalhes sobre a campanha.