Assistimos na última semana uma das situações mais embaraçosas dos últimos tempos na Câmara Municipal de Ouro Preto, a aprovação de um pedido de empréstimo de quase 50 milhões de reais por parte do executivo.
É preocupante imaginar o ônus que será colocado para as próximas gestões municipais, afinal o pagamento dos juros e das parcelas dessa ação seguirão por bastante tempo influenciando nos cofres públicos, em especial na execução de políticas públicas, que são sempre as primeiras a serem cortadas em épocas de crise…
Do ponto de vista administrativo, é uma irresponsabilidade o que assistimos de camarote, pois demos uma verba além do orçamento municipal para um gestor em ano eleitoral, o que pode ser usado de diversas maneiras, inclusive em obras eleitoreiras.
Falando nisso, é importante destacar uma falsa dicotomia que alguns tentaram colocar: não é empréstimo para asfalto, é empréstimo monetário, que pode ter diversos fins, inclusive asfaltamento de uma pequena parte da área rural do município.
Não podemos colocar o debate entre os que querem asfalto e os que não querem, todos achamos que asfaltar os distritos ainda não pavimentados é fundamental, a pergunta que não quer calar é outra: por que esperaram até agora para prometer essas obras? Difícil acreditar em coincidências….
É preciso destrinchar a fundo esse assunto, evidenciando que a opção do quanto pior melhor foi a toada de alguns enquanto foi conveniente, por que agora asfaltar áreas rurais virou prioridade? Não era no passado por que? Esses problemas são históricos!
E as reclamações da atual gestão que pegou a prefeitura quebrada após o mandato de 2012-2016? Aponta os erros passados e agora faz o mesmo? Sem pestanejar compromete pelas próximas décadas a arrecadação municipal?
Precisamos desobstruir a fumaça que sobe para enxergamos que a estrada vai além do que se vê. Conversando com especialistas, é perfeitamente possível calcular que o montante a ser gasto com asfaltamento, se for mesmo essa a opção política da gestão municipal, é bem menor que a necessidade da cidade, dando a entender que pode se tratar de uma falsa promessa, pavimentando apenas parte do que foi prometido e deixando o resto pra lá.
Mais lamentável que comprometer o orçamento municipal é observar alguns legisladores, outrora defensores da transparência pública se transformarem em bonecos de um joguete que pode deixar a prefeitura de Ouro Preto literalmente quebrada nos próximos anos, em especial por conta da famigerada Emenda Constitucional 95 (EC 95) que congela por vinte anos os investimentos federais em saúde, educação, entre outras áreas.
É hora de repensar nosso município, estamos no século XXI com atitudes da metade do século XX, nossa cidade está doente, é preciso pensar urgentemente em um remédio para curar tanta irresponsabilidade fiscal! Até a próxima