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A Fundação Universitária para o Vestibular (FUVEST), responsável pelo processo seletivo da Universidade de São Paulo (USP), anunciou um conjunto de mudanças para as edições de 2026, 2027 e 2028. As novidades envolvem desde a modernização da diagramação das provas até a reformulação da lista de leituras obrigatórias, refletindo uma nova abordagem para a seleção dos candidatos.
Uma das principais mudanças anunciadas é a reformulação gráfica das provas. A nova diagramação visa facilitar a leitura e a interpretação dos textos, proporcionando uma experiência mais acessível aos candidatos. Além disso, a redação, tradicionalmente dissertativa-argumentativa, poderá cobrar gêneros textuais como cartas e crônicas, exigindo dos participantes maior versatilidade na escrita.
Essa alteração alinha a FUVEST às tendências contemporâneas da avaliação escolar, aproximando-a dos parâmetros utilizados pelo ENEM, que valoriza diferentes formas de expressão escrita e estimula o pensamento crítico dos estudantes.
Lista de leitura obrigatória exclusivamente feminina
Outro ponto de destaque é a nova lista de leitura obrigatória, composta exclusivamente por obras de autoras femininas. A seleção abrange escritoras de diferentes períodos e regiões, reforçando a importância da representatividade feminina na literatura. Confira a lista completa:
- Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta: Coletânea de artigos que defendem a educação feminina e a igualdade de gênero, consolidando Nísia Floresta como uma pioneira do feminismo no Brasil.
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália: Livro de poesias que aborda temas como a condição feminina e a crítica social, sendo uma das primeiras obras de uma mulher a ganhar destaque na literatura brasileira.
- Memórias de Martha (1899) – Julia Lopes de Almeida: Romance que retrata a trajetória de uma jovem em um cortiço carioca no século XIX, destacando as dificuldades enfrentadas pelas mulheres da época.
- Caminho de Pedras (1937) – Rachel de Queiroz: Obra de forte cunho social que explora as tensões políticas do Brasil da década de 1930, com personagens complexos e uma narrativa envolvente.
- O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen: Livro de poesia que combina influências da literatura brasileira e portuguesa, explorando temas como geometria, concretude e sofrimento humano.
- As Meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles: Romance que acompanha três jovens universitárias nos anos 1970, abordando questões políticas, existenciais e femininas durante a ditadura militar.
- Balada de Amor ao Vento (1990) – Paulina Chiziane: Primeiro romance publicado por uma mulher em Moçambique, explorando temas como poligamia, tradição e a força feminina.
- Canção para Ninar Menino Grande (2018) – Conceição Evaristo: Narrativa que discute masculinidade negra e relações familiares sob a perspectiva da escrevivência, termo cunhado pela própria autora.
- A Visão das Plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida: História de um ex-capitão português que, assombrado pelo passado violento, encontra redenção ao cultivar um jardim.
A iniciativa valoriza o trabalho de escritoras, muitas vezes invisibilizadas, e oferece aos candidatos uma visão mais plural da sociedade, com temas que abordam a condição feminina, a crítica social e a busca por igualdade.
Aproximação com o ENEM e nova identidade visual
Além das mudanças no formato da redação e na lista de livros, a FUVEST anunciou uma abordagem mais interdisciplinar nas questões da prova. Os conteúdos passarão a integrar áreas como Sociologia, Filosofia e Educação Física, tornando o vestibular mais próximo da realidade do Ensino Médio.
Essa proposta busca avaliar o conhecimento dos candidatos de maneira mais ampla, incentivando a reflexão crítica e a conexão entre diferentes disciplinas — uma abordagem que já se consolidou no ENEM.
Para acompanhar as transformações, a FUVEST também apresentou uma nova identidade visual, com logomarca e site renovados. A atualização reforça a proximidade da instituição com a linguagem digital e com os hábitos dos vestibulandos.