Hoje em dia muito se faz pelas redes sociais, não é? Os sites e aplicativos de relacionamento deixaram de ser apenas para conversas, tornando-se importantes ferramentas de publicidade e vendas. Mas é preciso ter muito cuidado ao utilizar esses locais para a compra de produtos, pois são locais propícios para a aplicação de estelionato. E recentemente um golpe tem se popularizado na rede social Instagram e causado prejuízo e muita dor de cabeça a compradores em busca de produtos mais em conta.
O que tem acontecido é a venda de produtos inexistentes por contas de Instagram hackeadas. Ou seja, o golpista invade a conta de algum usuário e anuncia um produto, geralmente nos stories. E por ser uma pessoa “conhecida” anunciando, muitas vezes a desconfiança na situação diminui, o que facilita para os estelionatários. Imagine que um primo ou namorada de um amigo ofereçam um produto pelo Instagram. Você tende a acreditar mais facilmente do que se fosse o anúncio de um desconhecido.
Com isso, dependendo do desenrolar da conversa, o estelionatário, se passando pelo dono da conta, vende um produto e solicita o pagamento imediato, por Pix ou links como os do aplicativo Picpay, que permitem o parcelamento, ou exigem o pagamento de uma entrada. Com a transferência feita, o dinheiro cai na conta do golpista e as chances de recuperação são pequenas.
Pessoas conhecidas despertam maior confiança
Uma vítima que não quis se identificar falou sobre o que o levou a acreditar na venda falsa: “Era uma pessoa que eu conhecia, sabia onde morava, anunciando um produto. Eram festas de fim de ano e na agitação do dia, com familiares, viagem próxima, acabei não analisando tão bem a ponto de encontrar brechas e nem procurei um contato direto, por ligação, por exemplo. Além disso, como tinha acesso ao Instagram do meu conhecido, a pessoa conseguiu saber algumas referências como pessoas em comum e local onde o verdadeiro dono da conta morava, o que passou ainda mais credibilidade durante a conversa. O resultado foi quase dois mil reais de prejuízo”.
Outra vítima do golpe, que também pediu para não ter seu nome divulgado, falou sobre a situação: “Uma colega de trabalho do meu irmão anunciou uma máquina de lavar, coisa que eu estava precisando muito. Ele me mandou a publicação e eu conversei com ela. Não tinha o WhatsApp da pessoa nem sabia o jeito dela escrever. Acabei acreditando e fiz o pix com parte do valor”.
Como evitar esse golpe?
Agora, iremos dar dicas de como se prevenir e evitar esse tipo de situação, que pode render enormes prejuízos. Confira:
Protegendo seu Instagram
Partindo do ponto que é preciso que alguém tenha seu Instagram (ou demais redes sociais) hackeadas para que o estelionatário possa aplicar o golpe, proteger nossas redes já é um passo importante para dificultar a realização dos crimes.
Uma ferramenta interessante na proteção às redes sociais é a “Autenticação em dois fatores”, que consiste em uma confirmação dupla na hora de fazer o login nos aplicativos. Ou seja, não basta somente colocar a senha, outra confirmação é pedida, seja por e-mail, via SMS ou por outro aparelho.
Desconfie de valores discrepantes
Mesmo estando em um período de crise, onde muitas pessoas estão se desfazendo de bens, é preciso desconfiar de valores muito discrepantes com o preço comum do produto. Mesmo que não seja um golpe, um produto muito barato em relação a sua precificação em sites e lojas, pode estar com problemas ou defeitos que serão uma dor de cabeça para o comprador.
Não faça pagamentos antes de ter o produto em mãos
Uma característica desse tipo de golpe é a exigência de pagamentos e entradas antes do recebimento do produto. Jamais deposite dinheiro antes de ter o produto em mãos e certificar-se de seu funcionamento. Mesmo pagamento por boletos e bancos digitais não devem ser feitos, pois as chances de recuperação dos valores são pequenas. Muitas vezes os estelionatários pressionam o comprador afirmando ter outras pessoas querendo adquirir o produto para fazer com que elas paguem prontamente.
Procure contato direto com o vendedor
Se um produto tem um valor baixo e a pessoa que vende é conhecida, uma boa alternativa é buscar contato direto. Uma mensagem no WhatsApp pro vendedor e pra alguém em comum que possa atestar a veracidade da negociação, chamadas de vídeo ou por áudio, quando se conhece a voz da pessoa, ou até mesmo um encontro presencial são a melhor forma de se certificar se trata-se de um bom negócio ou de uma furada. Muitas vezes o golpista não vai aceitar esse tipo de condição ou vai adiar (não posso agora, mas na hora “x” podemos).
Por isso, é fundamental não realizar pagamentos antecipados. Se após esse contato direto você tiver certeza da veracidade, basta marcar um encontro, pegar o produto, testá-lo e só aí realizar a compra.
Conduza negociações de forma atenciosa
Hoje é comum dialogar por redes sociais e as compras por essas plataformas são uma alternativa que é utilizada e que não precisa ser abandonada. Por isso é importante, quando realizar uma negociação, estar bem atento e focado na conversa. Comprar um produto enquanto faz outras coisas, após beber ou em ambientes intranquilos, facilita com que algum deslize do golpista passe despercebido.
Fique atento a forma de escrita
Uma boa prática é se atentar a detalhes como a forma de escrita da pessoa do outro lado da tela. Você pode comparar o texto de legendas de fotos do dono do Instagram com as mensagens enviadas na negociação. Por exemplo, se o dono da conta pontua suas frases corretamente nas fotos, se escreve com um português correto, se não usa espaços antes de pontuações como exclamação e interrogação, e se no chat escreve de outra forma, existem boas chances de ser outra pessoa escrevendo no lugar dela. A recusa por mandar áudios também pode ser um sinal.
Uma das vítimas ouvidas pelo Mais Minas falou sobre: “Depois do golpe, analisei as mensagens e vi que o golpista utilizava espaços antes e depois das vírgulas, coisa que o dono real da conta não fazia, colocando espaço somente depois, que é a forma correta de se escrever. Se eu tivesse me dado conta antes, teria procurado alguma pessoa em comum para me certificar se era realmente uma venda real”.
Procure outras redes sociais do vendedor
Muitas vezes, apesar de não ser regra, os estelionatários só conseguem hackear uma rede social. Por isso, fique atento a outras redes da pessoa. Se a negociação acontece pelo Instagram, procure o Facebook. Normalmente, quando se vende um produto na internet, se anuncia-o em diversos locais. Além disso, ao terem suas contas hackeadas, as pessoas buscam avisar onde é possível, então caso a pessoa tenha postado que perdeu sua conta em outra rede social, o comprador ficará sabendo. Lembrando que isso não é regra, já que algumas contas de diferentes redes são vinculadas.
Essas foram algumas dicas para evitar um golpe tão difícil de se identificar. Atenção em primeiro lugar e, em caso de suspeitas, procure o dono da conta e pergunte diretamente se aquilo é real ou não.