Um jovem, de 18 anos, denuncia que foi agredido por um guarda municipal em Barroca, subdistrito de Mariana. Ele alega ter levado nove tiros de bala de borracha nas costas, além de receber spray de pimenta nos olhos, sem motivo. As marcas das balas de borracha ficaram espalhadas nas costas.
“Eu perguntei para ele porque estava me agredindo, disse que não tinha feito nada com ele. Ele me mandou calar a boca e ir embora. Eu disse que iria, mas que queria entender o porque de estar me agredindo, porque eu não fiz nada. Nisso, um outro guarda jogou spray de pimenta na minha cara e eu não tive reação. Eu bati na cerca e o outro guarda me deu tiros de bala de borracha nas costas. Um outro amigo veio correndo, viu que eu estava levando tiros, me abraçou e nós saímos correndo”, disse Gabriel Ramos, em entrevista à TV Record.
A Guarda Municipal explica que foi acionada para dispersar os participantes de um baile funk que ocorria próximo ao endereço que Gabriel disse que estava, mas ele afirma que não foi a essa festa. O jovem conta que trabalha como borracheiro durante o dia e faz entregas a noite. Ele disse que foi encontrar com amigos depois do serviço e ainda não sabe porque foi agredido.
Um boletim de ocorrência foi registrado pela vítima e o caso foi encaminhado à Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Mariana.
O secretário de Defesa Social de Mariana, Tenente Freitas, relatou ao Mais Minas que o baile funk aconteceu na madrugada do dia 29 para o dia 30 de janeiro, tendo som alto após 3 horas da manhã, com cerca de 50 veículos, som automotivo e 150 pessoas presentes. Foram duas viaturas carregando sete agentes da Guarda Municipal até o subdistrito de Mariana
“Muitos jovens começaram a partir para cima da Guarda Municipal, jogando pedras, garrafas e os agentes tiveram que agir, utilizando armas não letais, como granada de gás e de pimenta, bala de borracha para conter aquele público. Um jovem acabou levando um disparo de lançador, que tem 12 balas de borracha. Teve gente dizendo que a Guarda deu muitos disparos, mas não é verdade. Podemos apresentar a munição”, disse Freitas.
Está sendo feito um inquérito pela Polícia Civil para investigar o caso e, provavelmente, os policiais pedirão o material utilizado pela Guarda Municipal de Mariana na ocorrência. Ainda segundo o secretário de Defesa Social, há um abaixo-assinado da comunidade de Barroca, com mais de 50 assinaturas favoráveis à ação da Guarda Municipal, porque não estariam mais aguentando a festa. “É uma comunidade quilombola, um povo muito tranquilo, mas que estava enfrentando essa dificuldade”, finalizou o secretário.
Veja o vídeo do ocorrido em Barroca, subdistrito de Mariana:
Itabirito
Na terça-feira, 8 de fevereiro, aconteceu um novo caso suspeito de ação truculenta da Guarda Municipal, porém, dessa vez, em outra cidade da Região dos Inconfidentes, em Itabirito (localizado a 70 km de Mariana), no bairro Padre Eustáquio.
Um vídeo mostra a ação de guardas abordando um jovem calado e com as mãos na cabeça. Ele leva três tapas na altura da cintura e um mais forte na nuca. O vídeo teve grande repercussão em Itabirito e se espalhou por meio do WhatsApp. Veja:
A Prefeitura de Itabirito, por meio de nota, informou que o caso está sendo apurado em um processo administrativo disciplinar e que, assim como a Guarda Civil Municipal, não coadunam com esse tipo de abordagem diante dos cidadãos itabiritenses, se tratando de um caso isolado, não refletindo a forma de trabalho da corporação.
“As ações da Guarda Civil Municipal são pautadas nos princípios da justiça e da cidadania, tendo como missões principais servir e proteger. Isso posto, tão logo seja concluído o processo administrativo disciplinar, a prefeitura emitirá nota oficial elucidando as conclusões sobre o caso”, finalizou a adminsitração municipal de Itabirito.