A história do atacante Bruno Henrique, um dos destaques do time que lidera, com folga, o Campeonato Brasileiro, é realmente fantástica.
O jogador, que hoje brilha com a camisa do Flamengo, tendo passagens pela Europa, e até convocações para a Seleção Brasileira, foi descoberto, apenas, aos 21 anos de idade, quando disputava um torneio amador, a famosa Copa Itatiaia. Sem passagens por categoria de base em nenhum clube profissional, o mesmo já não esperava mais seguir carreira no futebol e, segundo li esta semana, já trabalhava como auxiliar de escritório.
Contudo, como diz o ditado “antes tarde do que nunca”, para a sorte dele, do Flamengo e nossa, embora com certa relutância (conforme conta o repórter Álvaro Damião), as portas do futebol se abriram para o jovem talento, que, contratado pelo Cruzeiro, foi emprestado ao Uberlândia, de onde seguiu para o Itumbiara, depois Goiás, Wolfsburg, Santos, e finalmente o Flamengo.
E a pergunta que me faço é: quantos “Brunos Henriques” não existem perdidos por aí? Trabalhando em escritórios, construções civis, lojas e etc. E a resposta que eu mesmo me dou é: provavelmente muitos, pois, infelizmente em nosso país, o jovem tem que fazer uma escolha: ou estuda e trabalha, ou se aventura nos esportes. Em alguns casos, é até pior, ou estuda ou trabalha.
Se existissem políticas tais quais as que existem nos Estados Unidos, por exemplo, onde jovens atletas que se destacam em ligas escolares ganham bolsas para continuarem estudando sem abrir mão do sonho da carreira de atleta, a história poderia ser bem diferente. Isso inclusive é tema de vários filmes que retratam estórias de times escolares disputando ligas que os levam à torneios estaduais, nacionais e muitas vezes até ao estrelato. Alguns desses filmes são até de sucesso e baseados em fatos reais.
Mas, por aqui isso não acontece. Se o jovem se aventurar no sonho de ser atleta, e no fim as coisas acabarem não dando certo, e isto pode acontecer, o mesmo se encontra sem sonho, sem formação acadêmica e sem profissão. O risco é grande demais para ser “corrido”.
Assim, bons atletas acabam perdidos por aí, em escritórios, empresas, lojas, etc, podendo vir a ser até grandes profissionais, mas, seria muito melhor se fossem grandes atletas, como Bruno Henrique, por exemplo.