Universidade Tsinghua realizou a cerimônia de inauguração do Hospital de Agentes de IA de Tsinghua e a Reunião Municipal de Medicina de Tsinghua de 2025 no Salão de Recepção do Prédio Principal. O reitor da Universidade Tsinghua, Li Luming, e o vice-presidente Wang Hongwei compareceram ao evento — Foto: Universidade Tsinghua/Divulgação
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A Universidade de Tsinghua, uma das principais instituições de ensino da China, inaugurou no dia 26 de abril de 2025 o Agent Hospital, um marco para a medicina, pois esse é o primeiro hospital do mundo gerido inteiramente por inteligência artificial (IA). A proposta é revolucionar o atendimento médico ao criar médicos digitais treinador por IA capazes de atuar de forma autônoma em um ambiente clínico simulado, com processos que vão desde a triagem até o acompanhamento pós-alta.

Diagrama ilustrando o ciclo completo de tratamento no Agent Hospital, desde o surgimento da doença até o acompanhamento pós-alta. Todos os participantes — médicos, enfermeiros e pacientes — são agentes autônomos alimentados por modelos de linguagem de grande escala.

A tecnologia por trás dessa inovação é baseada em modelos de linguagem avançados, como os que impulsionam o ChatGPT e outros modelos de linguagem baseado em deep learning. No Agent Hospital, médicos, enfermeiros e pacientes são representados por agentes autônomos que interagem continuamente, aprimorando suas habilidades a cada atendimento.

Como funciona o aprendizado dos agentes?

Para alcançar esse nível de autonomia, o hospital utiliza um sistema inovador chamado MedAgent-Zero. Esse modelo permite que os médicos digitais evoluam suas capacidades diagnósticas e terapêuticas à medida que interagem com pacientes virtuais. Cada atendimento gera um novo aprendizado, que é incorporado ao sistema para otimizar futuras decisões clínicas.

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Os agentes médicos também têm acesso a uma biblioteca virtual de registros médicos, que facilita consultas rápidas e a realização de diagnósticos mais precisos. A constante evolução do MedAgent-Zero tem mostrado resultados que se aproximam dos alcançados por médicos humanos.

Um dia no Agent Hospital: o caso de Kenneth Morgan

Exemplo de interação entre um médico agente e um paciente agente, demonstrando a capacidade de comunicação e tomada de decisão autônoma dos agentes no ambiente simulado.

Para demonstrar o funcionamento da plataforma, um dos casos simulados é o de Kenneth Morgan, um paciente virtual diagnosticado com Herpes-Zóster. O processo no Agent Hospital se desenrola em oito etapas principais:

  1. Início da Doença: Kenneth percebe sintomas de vermelhidão, dor e bolhas.
  2. Triagem: Ao chegar ao hospital, é atendido pela enfermeira virtual Katherine Li.
  3. Registro: Ele se registra com a ajuda do agente Alexander Davis e aguarda a consulta.
  4. Consulta: Na sala de consulta, Robert Thompson, dermatologista virtual, avalia os sintomas e solicita exames.
  5. Exame Médico: A enfermeira virtual Jessica Chen realiza os procedimentos e entrega o relatório.
  6. Diagnóstico: Com base nos resultados, o médico virtual diagnostica Herpes-Zóster e prescreve o tratamento.
  7. Farmácia: Kenneth retira a medicação com o agente Andrew Jackson.
  8. Convalescença: Após o atendimento, ele retorna para casa e fornece feedback sobre o tratamento.

Além do ciclo clínico, os agentes médicos possuem um evento adicional denominado “Leitura de Livros”, no qual acumulam conhecimento proativamente ao estudar obras médicas fora do horário de trabalho. Esse processo ajuda a integrar novos conhecimentos e aprimorar suas habilidades clínicas.

Números que impressionam

Os primeiros testes realizados no Agent Hospital apresentaram resultados notáveis. Os agentes médicos atingiram 93,06% de precisão em diagnósticos de doenças respiratórias, superando a média esperada em ambientes clínicos tradicionais.

Além disso, o ambiente virtual permite que o hospital atenda até 10 mil pacientes em poucos dias — algo que levaria anos para equipes médicas convencionais. Essa escalabilidade demonstra o potencial da tecnologia para regiões com escassez de profissionais da saúde.

Educação médica em um novo patamar

O Agent Hospital também serve como uma plataforma educacional para estudantes de medicina. O ambiente simulado possibilita que futuros médicos pratiquem diagnósticos, realizem simulações de cirurgias e interajam com pacientes virtuais em situações complexas.

Essa abordagem garante um aprendizado seguro, onde erros são parte do processo de evolução dos agentes. Além disso, a Universidade de Tsinghua lançou o Programa Clínico Acadêmico (ACP), incentivando parcerias com hospitais, escolas de medicina e centros de pesquisa.

O futuro da medicina: IA e saúde integradas

A criação do Agent Hospital é um marco para a medicina moderna. Com diagnósticos precisos, tratamentos eficazes e a capacidade de aprender de forma autônoma, os agentes de IA demonstram que a tecnologia pode ser uma aliada poderosa para otimizar a saúde pública.

Para especialistas, o hospital virtual da Universidade de Tsinghua representa um modelo global para futuras inovações em saúde digital, unindo tecnologia e medicina de maneira sustentável e acessível.