Lei anti-Oruam: projeto quer proibir contratação pública de artistas que fazem apologia ao crime

Câmara Municipal discute proposta para barrar contratações públicas de músicos que fazem apologia ao crime

Por Redação Mais Minas
Lei anti-Oruam: projeto quer proibir contratação pública de artistas que fazem apologia ao crime

A Câmara Municipal de Belo Horizonte deu um passo importante na discussão sobre o financiamento público de eventos culturais ao aprovar, na Comissão de Justiça, um projeto de lei que pretende impedir a contratação de artistas que fazem apologia ao crime ou a facções criminosas. Apelidada de “Lei Anti-Oruam”, a proposta surgiu em meio às recentes polêmicas envolvendo o rapper carioca Oruam, que foi preso na manhã desta quarta-feira (26) por abrigar um foragido da Justiça em sua residência.

A medida, de autoria do vereador Vile (PL), ainda passará por outras comissões antes de ser votada em primeiro turno no plenário da CMBH. O parlamentar justificou a necessidade do projeto alegando que recursos públicos devem ser direcionados para áreas essenciais, como saúde, educação e segurança, e não para fomentar apresentações de artistas com histórico de envolvimento ou apoio a atividades criminosas. “Acho que esse é um projeto que eu nem precisava apresentar, mas que, infelizmente, no Brasil de hoje, a gente precisa colocar esse tipo de trava no setor público”, afirmou Vile.

A proposta ainda será avaliada pelas comissões de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo; Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor, além da Comissão de Administração Pública. Caso seja aprovada em plenário, a lei proibirá que a Prefeitura de Belo Horizonte utilize verbas públicas para contratar artistas que promovam conteúdos relacionados ao crime organizado ou ao tráfico de drogas.

O impacto do projeto e a repercussão nacional

A iniciativa da Câmara de Belo Horizonte não é isolada. Em São Paulo, um projeto semelhante tramita na Câmara Municipal desde o final de janeiro, apresentado pela vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil). A proposta prevê que a prefeitura da capital paulista fique impedida de contratar músicos que exaltem crimes em suas composições ou performances.

Ao divulgar o projeto nas redes sociais, a vereadora escreveu: “Quero proibir o Oruam de fazer shows em São Paulo!” A declaração viralizou e fortaleceu a pauta, que passou a ser amplamente conhecida como “Lei Anti-Oruam”, consolidando a ideia de barrar o uso de recursos públicos para eventos ligados a artistas com conteúdos considerados inapropriados ou apologéticos ao crime.

O debate, no entanto, não é unânime. Enquanto defensores da medida argumentam que é dever do Estado impedir que dinheiro público seja utilizado para fomentar discursos criminosos, críticos levantam a questão da liberdade artística e do risco de censura. Especialistas em cultura e direito constitucional apontam que a linha entre manifestação artística e apologia ao crime pode ser tênue, tornando o projeto passível de questionamentos judiciais.

Próximos passos e cenário político

Em Belo Horizonte, a tramitação do projeto segue para análise em outras comissões antes de chegar ao plenário. O vereador Vile defende que a medida não se trata de uma restrição à liberdade de expressão, mas de uma gestão responsável dos recursos públicos.

“O pagador de impostos belo-horizontino quer que seu dinheiro vá para saúde, educação, segurança. Quer que o seu dinheiro seja gasto de forma eficiente, para reformar um posto de saúde, uma rua, cuidar das crianças, idosos e autistas e não para financiar quem faz apologia ao crime organizado e facções criminosas, quem quer que seja independente do artista”, afirmou.

O debate promete ser intenso nos próximos meses, principalmente com o crescimento da tendência de regulamentação de conteúdos artísticos financiados pelo setor público em diversas cidades do Brasil. Paralelamente, entidades culturais e associações artísticas preparam manifestações contrárias à proposta, alegando que a restrição pode abrir precedentes para limitações mais amplas na contratação de eventos culturais.

Caso o projeto seja aprovado, Belo Horizonte se tornará a primeira capital brasileira a estabelecer um veto formal à contratação de artistas que promovam ou façam referência a crimes e facções em suas músicas ou apresentações.

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