Palmeiras e Flamengo chegam à final da Libertadores em um confronto que transcende a taça e coloca em xeque dois modelos de jogo e momentos de carreira. De um lado, o português Abel Ferreira, campeão da competição em 2020 e 2021, que vive uma fase mais vitoriosa e longeva no comando do Palmeiras. De outro, o ex-lateral Filipe Luís, bicampeão como jogador em 2019 e 2022, que agora transforma sua vasta leitura tática em um método inovador à frente do Flamengo.
O duelo não se limita ao título continental: os técnicos também disputam a liderança do Brasileirão e concorrem ao prêmio de melhor técnico do mundo em 2025 pela IFFHS, tornando a partida um grande resumo da disputa entre diferentes formas de interpretar o futebol.
Caminhos
Os trajetos das equipes foram opostos. O time de Abel Ferreira precisou de um verdadeiro milagre para chegar à final: após perder a partida de ida das semifinais para a LDU (EQU), em Quito, por 3 a 0, o Alviverde Paulista precisava de um placar “mágico” de 4 a 0. Um resultado considerado quase “impossível”, mas não para o Palmeiras de Abel. O elenco, que é o mais vitorioso da história do clube, conseguiu o placar no tempo normal e garantiu a vaga na grande final.
O Rubro-Negro carioca, comandado pelo técnico Filipe Luís, enfrentou o Racing (ARG) nas semifinais. O primeiro confronto, no Maracanã, foi marcado por diversas chances criadas pelo Flamengo, que só conseguiu marcar no final da partida. Já o segundo duelo, em Avellaneda, foi cenário de uma grande festa da torcida argentina, com fogos de artifício e forte pressão que marcaram o encontro. O goleiro Rossi, do Flamengo, foi o “herói” da decisão ao realizar diversas defesas cruciais. Após um empate sem gols (0 a 0) na Argentina, o Rubro-Negro avançou para a grande final pelo placar agregado de 1 a 0.
Formas de jogar
O Palmeiras alcança a decisão ostentando uma estrutura firmemente estabelecida ao longo de cinco anos. A formação inicial baseada no 4-2-3-1 é adaptada conforme as exigências da partida. Abel Ferreira implementa variações contínuas que remodelam a saída de bola para um 3-2-5, gerando amplitude pelas laterais do campo.
Ofensivamente, a equipe acelera imediatamente após recuperar a posse e faz das inversões rápidas seu padrão de ataque. Defensivamente, o sistema alterna entre uma pressão alta inicial e a organização em bloco médio. A eficácia desses encaixes táticos exige precisão cirúrgica e é o que justifica parte das dificuldades encontradas quando a equipe não é bem-sucedida no primeiro embate. Nas jogadas de bola parada, o repertório é vasto, beneficiado pela experiência do treinador português.

O Flamengo, sob o comando de Filipe Luís, adota uma lógica distinta. A formação inicial 4-2-3-1 dificilmente se mantém estática, pois o treinador promove alterações conforme o desempenho do oponente, reorganizando o conjunto tático durante o confronto.
A espinha dorsal ofensiva estava firmemente ancorada em Pedro. Ele atuava como a referência nas transições diretas, o pivô que viabilizava passes longos, atraía defensores e propiciava espaços para Arrascaeta. Sua indisponibilidade, no entanto, modifica a estrutura. O Flamengo fica privado de sua âncora fundamental para a estabilização das jogadas, além de perder a mecânica defensiva que se iniciava com o centroavante.




