Neste ano de 2019 é comemorado o tricentenário de criação da Capitania de Minas Gerais. As celebrações já começaram no início do mês de dezembro e, dentro da programação, o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) vai pedir o tombamento estadual do Morro da Queimada, sítio arqueológico de Ouro Preto, na Região Central do estado. Isso porque o local foi um dos lugares da Sediação de Vila Rica, em 1720, um dos principais momentos para a criação das Capitanias Mineiras, pela Coroa Portuguesa.
Denominado inicialmente como Morro do Ouro Podre ou Morro do Pascoal Silva, o Morro da Queimada passou a ser assim conhecido após a execução da demolição e incêndio das casas de Pascoal da Silva Guimarães e dos participantes da Sedição de 1720, decretada pelo Conde de Assumar.
O motim de 1720 visava a deposição do conde e a formação de um novo governo nas Minas Gerais. As demolições e o incêndio, no entanto, não extinguiram a vida no Morro da Queimada. Ele permaneceu ocupado durante os séculos 18 e 19, longa duração testemunhada entre outras evidências pela tipologia de suas ruínas. Dada a importância do espaço, o O morro da Queimada já está no perímetro de tombamento Federal de Ouro Preto feito pelo IPHAN em 1938.
Importância do tombamento
Agora foi proposto o tombamento pelo Estado de Minas Gerais, sendo este ato de grande importância para a politica pública de salvaguarda do bem pelos entes públicos. Para o Secretário de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Zaqueu Astoni, a proposta do governo estadual é recebida com bons olhares pela cidade. “Vejo que o tombamento estadual do Morro da Queimada vem contribuir para a salvaguarda do bem, pois assim o estado de Minas Gerais se tornará legalmente responsável pelo espaço em conjunto com o Governo federal e o Município, destacando que graças a sedição de Vila Rica tivemos a criação da capitania de Minas Gerais. O Morro da Queimada é um dos mais impressionantes sítios que compõem o território histórico, ecológico, simbólico, poético e econômico de Ouro Preto. Está ligado ao achamento do ouro recoberto por uma camada de óxido de ferro, o fabuloso ouro preto, no final do século XVII, na região das nascentes do rio das Velhas, fio condutor da bandeira de Antônio Dias de Oliveira e do padre João de Faria Fialho. Foi o cenário inicial da cidade, ao acolher os empreendimentos urbanos logo levados à frente por milhares de pessoas atraídas pela grande descoberta de 1698”, declarou o secretário.
Hoje, a gestão do espaço é realizada pela Secretaria de Meio Ambiente, com a participação de um Conselho Gestor com representantes do poder público e sociedade civil. A Secretaria de Cultura e Patrimônio, em parceria com outros órgãos, vem buscando recursos necessários para a implantação do projeto de recuperação do espaço e implantação dos equipamento necessários para a Parque através de financiamento externo.
“O grande desafio para o poder público em suas várias esferas é a busca pelo financiamento do valor necessário para a implantação do Parque, o que certamente vai contribuir para uma nova dinâmica no projeto em andamento, potencializando os esforços no sentido de trabalhar as suas diversas dimensões: do turístico ao cultural, do científico ao ambiental e do econômico ao social”, informa o secretário.
O Parque Municipal Natural Arqueológico do Morro da Queimada foi transformado em parque em 2008 e possui o tombamento federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E agora, também haverá o tombamento pelo Estado de Minas Gerais.
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