O estandarte e os clarins abrem alas para a passagem do bloco Zé Pereira dos Lacaios. Logo em seguida o boi da manta e as cariás abrem caminho para a fabulosa bateria, taróis, bumbos, caixa, surdos e instrumentos de sopro embalam um toque único que pulsam como as batidas do coração.
Quem nunca levou uma braçada de um dos três bonecões de braços longos, não sabe o que é ser arrastado por este misto de infância com folia que é o bloco.
O Capitão, Benedito e a Baiana, por mais de 100 anos, levam as multidões a loucura. Não tem idade, nem credo, quando se escuta “tum, tum tum, Zé Pereira”. Não há corpo que aguente ficar parado. Essa tradição que veio de Portugal se fixou no Rio de Janeiro e ganhou os mineiros, instalou-se por meio de José Nogueira de Azevedo Paredes.
Conta a lenda que o Zé era muito boêmico, cercado de amigos músicos, e aprontava muita algazarra na noite carioca. Numa certa segunda-feira de carnaval, resolveu sair a tocar bumbo (uma espécie de zabumba) pelas ruas. Logo caiu no gosto popular.
O Zé veio para em Ouro Preto para trabalhar como mordomo no Palácio do Governo, na época que Ouro Preto era a capital do Estado. Ele e os demais funcionários do Palácio formaram então o Bloco Zé Pereira dos Lacaios.
Em janeiro deste ano, o bloco comemorou 150 anos de existência, sendo a única tradição folclórica portuguesa que perpetuou no Brasil.
Zé Pereira contagia, Zé Pereira é tradição. Que seus bonecos encantadores continuem iluminando o nosso coração.
Elis Bohrer
Referencias:
Portal Mariana – Zé Pereira dos Lacaios: mais de um século de cultura popular em Ouro Preto
CBN – Bloco mais antigo do Brasil completa 150 anos neste carnaval