Manifestantes ocupam entrada da Samarco e fecham MG-129 em protesto aos 6 anos do desastre em Mariana

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Cerca de 500 pessoas do Movimento Sem Terra (MST), junto com o Levante Popular da Juventude e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), foram até a entrada da mineradora Samarco, em Mariana, perto da mina de Fazendão, que pertence à Vale, na manhã desta sexta-feira, 5 de novembro. O protesto trata do rompimento da barragem de Fundão, que matou 19 pessoas e foi a maior tragédia ambiental do Brasil, que completa seis anos hoje.

Cerca de cinco ônibus chegaram por volta das 5h para protestar em frente à empresa. “O lucro não vale a vida”, essa é uma das frases utilizadas pelos protestantes que estão em frente à Samarco. Além disso, o grupo ocupou todas as faixas da MG-129, mas por volta das 10h30, o trânsito foi liberado.

Manifestantes ocupam porta da Samerco e fecham MG-129 em protesto aos 6 anos do desastre em Mariana
Fotos: Agatha Azevedo / MST

De acordo Silvio Netto, da Direção Nacional do MST, o crime da Samarco em Mariana expôs os problemas do modelo de mineração que é feito em Minas Gerais, que continua resultando graves problemas como o rompimento da barragem em Brumadinho, ocorrido em janeiro de 2019, matando 272 pessoas.

“É importante ressaltarmos que esse modelo de mineração cria problemas ambientais e sociais, gera baixa arrecadação aos municípios, cria dependência e empregos que oferecem risco a toda a população mineira. Enquanto isso, toda a riqueza explorada beneficia o capital estrangeiro, materializado em empresas como a Samarco, a Vale e a BHP”, denuncia Silvio.

O terceiro prazo de entrega dos reassentamentos completou seis meses de vencimento em agosto e apenas 10 das 203 casas do novo Bento Rodrigues foram finalizadas. Em Paracatu de Baixo, outra comunidade atingida pela lama, a lentidão na entrega das residências é ainda maior, sem nenhuma parede das casas construída. De acordo com a Fundação Renova, entidade de reparação da Vale e Samarco, seis residências tiveram obras iniciadas, mas apenas a montagem de instalação foi concluída.

Segundo o MPMG, o prazo inicialmente informado pela Fundação Renova para a entrega das casas era março de 2019. Depois, a partir de decisão judicial, foi fixado o dia 27 de agosto de 2020. Por fim, uma nova determinação da Justiça definiu o dia 27 de fevereiro deste ano como a data final para a entrega das casas.

Para Esther Hoffmann, também da Direção Nacional do MST, o ressarcimento financeiro é insuficiente diante das consequências do rompimento da barragem, tanto no âmbito ambiental, quanto social e de vidas perdidas.

“Quando nós (os movimentos sociais) propomos um projeto popular de mineração, regulado pela necessidade social, com a participação das comunidades, além de instrumentos de fiscalização mais eficazes e prevenção de desastres, estamos pautando a vida acima do lucro, estamos defendendo a soberania do nosso país e os nossos direitos a uma vida digna com moradia, alimentação saudável, saúde, entre outras”, salienta.

Segundo Silvio Netto, não há previsão para que o grupo deixe o local e os manifestantes aguardam um posicionamento da empresa. “Hoje é o dia todo de protesto, seja na (porta) Samarco, nas redes sociais, no centro de Mariana. Vamos ter diversas atividades”, destacou. 

Viaturas da Polícia Militar Rodoviária acompanham o ato. A reportagem do Mais Minas entrou em contato com a Samarco, que enviou o seguinte posicionamento:

“A Samarco segue firme em seu compromisso com as ações de reparação e compensação dos impactos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, que jamais serão esquecidos pela empresa.

A empresa reafirma, mais uma vez, seu comprometimento com a reparação de danos e com o Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) firmado, em março de 2016, pela Samarco e seus acionistas, Vale e BHP, governos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo e outras entidades. Até o momento, já foram indenizadas mais de 336 mil pessoas, tendo sido destinados mais de R$ 15,57 bilhões para as ações executadas pela Fundação Renova, que conduz ainda ações de recuperação da flora e fauna, além dos processos de reassentamentos que contam com a participação direta dos atingidos e do poder público em todas as etapas e são acompanhados pelo Ministério Público de Minas Gerais”.

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