As aulas presenciais voltaram em Ouro Preto na segunda-feira, 7 de fevereiro, porém não são todos os estudantes que tiveram fácil acesso à escola na cidade. No caso dos distrito de Miguel Burnier, Engenheiro Correia e Santo Antônio do Leite, não há transporte disponível para levar os estudantes até as unidades de ensino.
“Alguém pode me dizer que palhaçada é essa das aulas começarem e não ter data prevista para o transporte escolar para levar os estudantes para a escola de Cachoeira do Campo? Nós, moradores de Santo Antônio do Leite, Miguel Burnier e Engenheiro Correia, ficaremos sem aula? Cadê o transporte escolar que é obrigatório para a prefeitura?”, questionou Herica Navajas através das redes sociais.
De acordo com a moradora, não há data prevista para o retorno do transporte escolar para os moradores dos três distritos. “O que vou fazer com a minha filha que mora em Santo Antônio do Leite e estuda em Cachoeira do Campo? Preciso de resposta para ontem, pelo amor de Deus”, diz Herica.
Ouro Preto teve um retorno das aulas presenciais conturbado, com várias incertezas devido ao estado de calamidade pública e por estar na Onda Vermelha anteriormente (atualmente está na Onda Amarela). Muitos pais ficaram preocupados com o planejamento para a volta das atividades nas escolas.
“Falta de planejamento foi terrível. Feio para nossos governantes que sabiam do problema, que as aulas iriam começar e não fizeram nada. Eu oro para que ainda esta semana resolvam esta questão de alta importância. Não escrevi este post para atacar política, é porque minha filha tem 14 anos e está no ensino médio, sem condições de levarmos ou buscarmos ela em Cachoeira do Campo. Imagino os outros estudantes que moram em Engenheiro Correia, Miguel Burnier e zona rural. Coitados, já ficaram dois anos sem escola e agora que tem aula não há como irem”, desabafou Herica.
Luciano Welington Santos também é morador de Santo Antônio do Leite e tem duas filhas que estudam no distrito de Cachoeira do Campo. Uma tem 12 anos e está na escola Padre Afonso, e outra, de quatro anos, estuda na escola O Pequeno Mundo. Ele contou ao Mais Minas que está tendo que fazer o transporte para a escola por conta própria.
“Eu tive que colocar elas para estudar na escola de Cachoeira do Campo, porque online o aprendizado está muito fraco, mas a gente não têm transporte nenhum, “, relatou Luciano.
Alguns pais pensaram em outra alternativa, como o uso de vans. Foram 19 mães que procuraram esse meio de transporte particular, mas segundo Karla Paulino, o valor da van está caro para os moradores de Santo Antônio do Leite e o veículo também não possui monitor para olhar as crianças. Ela é mãe de uma aluna de seis anos que está no 1º ano do Ensino Fundamental, na Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora.
“Estamos tendo muito transtorno para ter que fazer o transporte próprio. Então, está muito difícil, não só para mim. As crianças estão sem acesso ao estudo por falta de transporte. Nem o horário do ônibus coincide com a entrada e a saída dos alunos”, disse Karla ao MM.
Santo Antônio do Leite tem uma escola municipal, chamada Doutor Pedrosa. Após vistoria da Vigilância Sanitária por conta da Covid-19, foram vistos diversos problemas estruturais. A Defesa Civil, então, não autorizou a volta das atividades escolares na unidade e praticamente toda a estrutura do lugar será modificada.
Por isso, os alunos de Santo Antônio do Leite precisaram se matricular em escolas de Cachoeira do Campo. De acordo com a Secretaria de Obras de Ouro Preto, a obra está dentro do cronograma previsto e a placa informativa será colocada no local até a metade da semana que vem. A reforma será profunda, com intervenções no piso, telhado, parte elétrica e hidráulica. A previsão de entre da unidade escolar é em abril.
O secretário de Educação de Ouro Preto, Renato Zoroastro, disse ao Mais Minas que estava “tudo alinhado na semana passada”, mas que alguns motoristas desistiram e a secretaria está “correndo” para repor.
“Alguns já estão fazendo cadastro na Cooperativa para começar. Estamos correndo atrás para resolver rapidamente, mas não é tão rápido resolver esses imprevistos. A cooperativa está procurando quem tem ônibus para atender, não é algo que tem em qualquer lugar. Um proprietário (de um ônibus) testou positivo pra Covid-29 agora pela manhã e não encontrou substituto para dirigir, por exemplo”, disse Renato Zoroastro.
O secretário de Educação de Ouro Preto também falou que entende a necessidade da rapidez na resolução do problema, mas salientou a dificuldade de substituir um ônibus. “Substituir um carro de passeio ou van é rápido, um ônibus não”, finalizou.
Ainda não há prazo para que a prefeitura volte a disponibilizar transporte para os alunos dos distritos citados na matéria.