Ouro Preto: comunidade impede acesso da Vale e Cymi a Engenheiro Correia, em protesto

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A comunidade de Engenheiro Correia, distrito de Ouro Preto, fechou a rua que liga a localidade São Gonçalo do Bação, que pertence a Itabirito, em uma manifestação que iniciou por volta de 6h desta terça-feira, 22 de março . O protesto impede a entrada de caminhões das empresas Vale e Cymi, que são objeto das reinvindicações dos moradores locais.

Existem duas intervenções no território de Engenheiro Correia. Apesar da comunidade não se posicionar contrárias a elas, há alguns efeitos das intervenções das empresas que têm causado danos aos moradores.

Ouro Preto: comunidade impede acesso da Vale e Cymi a Engenheiro Correia, em protesto
Foto: WhatsApp

Sobre a Vale, a mineradora trabalha em uma construção de um muro de contenção, como medida de segurança para Itabirito — primeira cidade à jusante do muro — e para toda a região metropolitana de Belo Horizonte, prevenindo grandes danos em caso de uma ruptura de uma das barragens Forquilhas.

O que a comunidade reivindica contra a Vale é que a estrada municipal que ligava Engenheiro Correia a São Gonçalo do Bação, na MG-030, está há três meses interditada. O muro de contenção tem mais de 300 metros de extensão e quase 100 metros de altura. Ele foi construído ancorado nas margens de Itabirito e Ouro Preto. Quando a mineradora decidiu a localização do muro, ela teve que alterar parte do trajeto da estrada municipal e a empresa precisou abrir uma estrada alternativa.

Muro de contenção da barragem da Vale | Foto: Divulgação/Vale

De acordo com os moradores do distrito de Ouro Preto, o trajeto de Engenheiro Correia a São Gonçalo do Bação, pela estrada municipal, era de 8 km. Hoje, pelo trajeto alternativo, são 22 km a serem percorridos, o que tem prejudicado o comércio local, prestadores de serviço da região, como motoristas de tratores agrícolas, e outras pessoas que moram ou trabalham em um dos distritos.

De acordo com o presidente da Associação dos Moradores de Engenheiro Correia, Fabrício Guilherme, que é ex- secretário municial de Agropecuária, morador e empresário do distrito, durante as fortes chuvas do início do ano, a estrada municipal ainda sofreu uma ruptura justamente no local em que a Vale remodelou o trajeto.

“Nós entendemos é que essa manutenção, por ser uma área de influência da execução da obra, é responsabilidade dela. Estamos cobrando que a Vale tenha agilidade nesse processo, uma vez que está causando uma série de impactos. Nós chegamos a conversar com a Vale, mas infelizmente não houve uma devolutiva”, disse Fabrício ao Mais Minas.

Veja o estado em que a estrada que liga Engenheiro Correia a São Gonçalo do Bação se encontra:

Ouro Preto: comunidade impede acesso da Vale e Cymi a Engenheiro Correia, em protesto

De acordo com o presidente da associação dos moradores, no dia 31 de janeiro houve uma reunião com a Vale. Na ocasião, foi pedido um cronograma para a liberação da estrada municipal. Ainda segundo Fabrício Guilherme, propostas foram feitas à mineradora, que se comprometeu em dar uma resposta no prazo de 15 dias após a reunião, o que não aconteceu até o momento.

O vereador de Ouro Preto, Naércio França (Republicanos), esteve presente na manifestação, apoiando a comunidade na causa. Ele, que é conhecido pelas pautas sociais dos distritos e a relação das localidades com as mineradoras, falou com o MM sobre as reinvindicações da população de Engenheiro Correia.

“Infelizmente, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) não está fazendo a manutenção da nossa MG-030, nós estamos sem ônibus, a Vale fez um muro à jusante há 2 km de Engenheiro Correia e infelizmente a mineradora não reconhece o impacto ambiental. Temos três comércios com as portas fechadas, temos o aspecto emocional abalado e a Vale realizou apenas duas ações sociais, mas nenhuma medida compensatória robusta”, disse o vereador.

Veja imagens da manifestação:

Segunda reinvindicação

A segunda reinvindicação da comunidade é sobre uma obra de linha de transmissão, realizada pela Cymi. De acordo com Fabrício, antes do início das intervenções em Engenheiro Correia, houve uma Audiência Pública em Ouro Branco a dois anos atrás e uma reunião com algumas lideranças da companhia no distrito no ano passado. Nas duas ocasiões, os moradores colocaram algumas medidas mitigatórias a serem cumpridas pela empresa: a manutenção das vias que a empresa está utilizando e a utilização de caminhão-pipa nos períodos de estiada para minimizar a poeira. De acordo com o representante dos moradores do local, tais condicionantes não estão sendo executadas.

“Temos muita poeira no distrito devido ao trânsito dos veículos das linhas de transmissão. Há muitas reclamações também sobre a questão de segurança, como limite de velocidade e sinalização. Há uma ausência por completo de medidas mitigatórias e de segurança por parte da empresa que executa a obra. Já tentamos vários diálogos. Hoje, chegamos neste ponto extremo de chamar a atenção da empresa e do poder público. A ideia, hoje, foi de mostrar para a empresa a insatisfação da comunidade e que eles tomem as medidas necessárias para a execução do serviço”, disse.

A rua permanece fechada até o momento, em uma manifestação pacífica. A comunidade de Engenheiro Correia espera que as empresas se manifestem para que cheguemos à normalidade no distrito. Segundo Fabrício Guilherme, os moradores pretendem liberar a via só depois de uma manifestação das companhias.

Veja imagens dos caminhões da empresa Cymi parados, impedidos de entrar em Engenheiro Correia:

O Mais Minas entrou em contato com a Vale e a Cymi e aguarda o retorno de ambas as empresas.

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