Já a algum tempo tenho abordado sobre essa questão nas minhas colunas e hoje volto a essa temática: o difícil dilema da esquerda ouro-pretana.
Historicamente a esquerda da cidade se divide entre PT, PCdoB e alguns militantes independentes, só recentemente se registrou o PSOL no município. As demais legendas, apesar de ter um ou outro filiado, não existem do ponto de vista prático, que é diretório constituído e reconhecido pela direção estadual. Ah, cabe destacar que o PSB e o PDT de Ouro Preto infelizmente, apesar de sua veia nacional trabalhista, não seguem essa lógica, estando localmente no campo bolsonarista (apesar da resistência de alguns poucos militantes).
Bom, abordaremos então essas três legendas. A primeira que vamos falar é o PSOL, com presença entre professores da UFOP e IFMG, ainda é ínfimo por aqui, tendo pouca participação social e militância. Se pensarmos na política sectária que o partido adota nacionalmente, o caminho mais provável será de uma candidatura para marcar terreno, tanto para prefeito como para vereador. Esperamos que, ao contrário das outras eleições, dessa vez o partido não morra após o pleito de outubro (se não mudar), o que, sinceramente é bastante difícil.
Após falarmos do menor das agremiações de esquerda registradas, vamos para a maior, que é o PT. Com mais de vinte cargos, dois vereadores recém filiados e três secretarias, o partido que até pouco tempo atrás era oposição, hoje é uma das principais legendas de sustentação do governo Júlio Pimenta, indicando o caminho que parece indicar ser o mais provável que seja tomado pela direção petista.
Falamos direção petista, pois existe um grupo dentro do partido que defende candidatura própria, entretanto, são minoria. Mesmo que não pareça, a verdade é que na hora da convenção não terão como pleitear outro caminho, dando a opção (mais provável) de não seguirem o direcionamento da cúpula partidária, optando pelo caminho de apoiar o nome psolista ou, seguir a estratégia do PCdoB.
Os comunistas, uma das mais antigas legendas da cidade, datando de 1988, optaram por uma nova tática dessa vez. Sob o argumento de estarem cansados das eleições binárias, optaram por um caminho próprio ou, segundo os próprios, de terceira via, abrindo diálogo com quem pense diferente da já citada lógica binária e apresentando uma pré-candidatura a prefeito, a do médico da UFOP, Dr. Tuian Cerqueira.
Seguindo a orientação nacional de Frente Ampla, onde se exclui apenas o partido de Bolsonaro, Novo e PSL, o PCdoB propõe com seu pré-candidato realizar um amplo debate sobre o caminho da cidade, publicizando inclusive o que chamam de “Carta de Ouro Preto”, a proposta do partido para governar o município.
Bom, analisando friamente, constatamos com tristeza que a esquerda ouro-pretana tende a sair separada, o que aumenta seriamente a chance do próximo governo vencedor não empunhar pautas progressistas, o que é preocupante.
Pelo andar da carruagem, podemos assistir novamente cada partido em uma candidatura, o que nos deixa apenas a opção de torcermos para que o vencedor das eleições de 2020 seja alguém que tenha apoio ou seja desses partidos, do contrário veremos a cidade, mais uma vez, sem se preocupar com o mais importante dos atores de Ouro Preto: sua gente.
Até a próxima.