As trevas e a luz dividem espaço neste planeta? Há muito, isto fascina o homem. Com a Literatura e a Ciência envolvidas, então, nem se fala!
As primeiras tentativas de explicar o Universo basearam-se num esforço de classificação, organização e registro. Seja no Mahabharata, Bíblia ou Corão, colocou-se tudo o que se conhece no seu devido lugar.
Ou melhor, tentou-se.
O cientificismo brotaria no Renascimento, erguendo-se no Século XIX, e apartaria o conhecimento artístico daquele obtido a partir do método: aquilo é uma questão de fé. Isto, a verdade.
Pode-se dizer que o mundo nunca esteve tão compartimentado como na atualidade. O cérebro humano constrói e digladia num cenário complexo e sempre inacabado. Tenta-se impedir a degradação de velhos limites e, cada vez mais, é o relativismo que se impõe – as novas cercas, ditas equivalentes às antigas, apenas comportam espaços cada vez menores e mais claustrofóbicos. O Universo conhecido pela raça humana, progressivamente, carece de passagens ou portais capazes de “arejar” essa existência tão sufocante.
Neste contexto, fé e literatura de fantasia são amigos libertadores. Com os pés no chão, é claro, os leitores podem sentir algum alívio.
“Caçadores – A ascensão das Trevas – Livro 1”, livro de T. F. Portsan, chega a esse público enclausurado e, interessantemente, aborda o tema dos portais entre mundos paralelos.
Enquanto um grupo de notáveis caçadores luta para conservar o equilíbrio entre o nosso mundo e outro, cheio de feras, determinados eventos levam essas duas realidades para uma espécie de fusão catastrófica.
O enredo de “Caçadores” metaforiza a dificuldade e o medo atuais experimentados pelo ser humano e só isto já faz de T. F. Portsan, consciente ou inconscientemente, um autor sensível a estes mundo e época.
Será que a velha função informativa da Literatura está voltando à carga nestes nossos tempos ditos pós-modernos? Ora, certos tópicos da Física, como na Mecânica Quântica, por exemplo, e obras como a de Portsan estão aí para confirmar.
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