De protagonista na disputa pela Presidência da República em 2014 contra Dilma Rousseff, a candidato a uma vaga de Deputado Federal em 2018 para não perder o foro privilegiado. Aécio Neves, senador pelo PSDB de Minas Gerais, responde a nove processos no Supremo Tribunal Federal.
Nascido em uma família de políticos tradicionais de Minas Gerais Aécio começou cedo na vida pública, incentivado por Tancredo Neves. Assumiu cargos como assessor do avô e chefias em empresas estatais. Foi deputado constituinte, deputado federal, governador de Minas, senador e candidato à presidência. E foi aí que as coisas começaram a ficar desfavoráveis.
O tucano protagonizou em 2014 a eleição, até então, mais disputada após o término da Ditadura Militar em 1985. Aécio direcionou toda a sua caminhada dentro do partido para ser o escolhido para a disputa ao Planalto. Era presidente nacional do PSDB e liderava a oposição ao governo petista no congresso. Depois de sair derrotado no pleito, o mineiro não aceitou o resultado, e até pediu recontagem dos votos. Mantinha um discurso inflamado no plenário do senado contra as ações do governo Dilma.
O parlamentar foi um dos articuladores do impeachment da petista e lutou pelo apoio do PSDB ao governo de Michel Temer. Tanto que seu candidato a vice em 2014, o também senador Aloysio Nunes, é ministro do governo Temer. No entanto, com o avanço da Operação Lava Jato e o aumento dos escândalos de corrupção envolvendo a alta casta política do país, Aécio foi pego em cheio pela balbúrdia causada pelas delações premiadas quando foram divulgadas as gravações feitas por Joesley Batista em que o senador solicitava uma pequena bagatela de 2 milhões de reais ao empresário. Por pouco não perdeu o mandato. Em 2017 foi afastado do cargo de senador e impedido de sair de casa a noite. Foi salvo por seus pares no senado depois de negociações aqui e acolá
Aécio começou a ter uma aparição discreta como parlamentar, ficou isolado no partido que liderava. Foi pressionado a abrir mão da presidência da sigla. Companheiros de partido, inclusive o atual candidato à presidência pelo PSDB Geraldo Alckmim, defenderam que o mineiro não deveria se candidatar. Em seu próprio reduto eleitoral, Aécio não participou das convenções que decidiram pelo nome do senador e aliado de longa data, Antônio Anastasia para a disputa a governador de Minas Gerais. Parece não ser uma boa opção aparecer ao lado do neto de Tancredo.
No início de mês de agosto o senador publicou uma nota em que afirma que é pré-candidato a deputado federal, parece ser mais fácil conseguir uma vaga na Câmara dos Deputados do que no Senado Federal. Se eleito como deputado, Aécio ainda mantém o foro privilegiado, o que é visto como uma vantagem, já que o detentor do benefício só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal e os processos que tramitam na mais alta corte do país andam a passos de tartaruga. Agora resta saber como o eleitorado mineiro irá reagir nessas eleições. Até então, Aécio sempre foi eleito em Minas, a não ser em 2014 quando a maioria do estado votou em Dilma. Será que o ex-presidenciável volta à Brasília?
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