Ouro Preto terá nova audiência para tratar do retorno das aulas presenciais

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A 61ª Reunião Ordinária da Câmara de Vereadores de Ouro Preto, que aconteceu na noite de terça-feira, 31 de agosto, contou com a aprovação do requerimento 392/2021, de autoria do vereador Matheus Pacheco (PV), que convida o prefeito Angelo Oswaldo (PV), vice-prefeita Regina Braga (PV), Promotor de Justiça Flávio Jordão e membros da Comissão de Volta às Aulas, Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) e Sindicato dos Trabalhadores Técnicos e Administrativos da Universidade de Ouro Preto (Assufop) para uma audiência pública afim de tratar sobre o retorno das atividades presenciais nas unidades de ensino da cidade, previsto para este mês de setembro.

O requerimento foi aprovado por 10 votos e o vereador Júlio Gori (PSC) também pediu para assiná-lo em conjunto com Matheus Pacheco. Na última audiência da Comissão de Volta às Aulas, o professor e epidemiologista Unaí Tupinambás, que é o coordenador do gestor de controle de Covid-19 em Belo Horizonte, esteve presente. De acordo com Matheus Pacheco, assim que tiver a data da nova audiência, ele também comparecerá na cidade. Além dele, o enfermeiro e epidemiologista que está à frente da imunização em Ouro Preto, Jonathan Silva, da Secretaria Municipal de Saúde, participa dos trabalhos da comissão.

Ouro Preto terá nova audiência para tratar do retorno das aulas presenciais
Foto: Ane Souz/PMOP

A motivação para o requerimento se dá por conta das determinações sanitárias em detrimento da eficiência pedagógica que o retorno prevê. No documento, consta que o ritmo de vacinação em Ouro Preto tem apresentado significativos avanços em relação a outras cidades, com uma boa parcela da população ouro-pretana tendo recebido ao menos a primeira dose da vacina. No entanto, com o surgimento da variante Delta e a não imunização do público jovem, que corresponde a alunos do ensino Pré, Fundamental e Médio, o retorno das aulas presenciais pode representar um significativo risco de propagação da doença, não só para o público jovem, mas entre todos da comunidade escolar, incluindo professores, pais e servidores. Diante disso, Matheus Pacheco solicita a presença de todos os citados para debater como ocorrerá o retorno das atividades presenciais nas unidades de ensino visando à minimização de riscos.

Matheus Pacheco é membro da Comissão de Volta às Aulas e disse que a Prefeitura de Ouro Preto não tem agido de acordo com as proposições feitas pela comissão. O vereador acredita que, pelo fato de haver os protocolos sanitários, o retorno das atividades escolares de forma presencial pode afetar ainda mais o aproveitamento pedagógico dos alunos.

“Muitos dos posicionamentos da Comissão Volta às Aulas não são os mesmos do Executivo, que criou a comissão, porque nós estamos vendo o retorno de uma forma e a comissão considera que deveria ter outro tipo de retorno. Um ponto de vista importante que precisamos elencar é a questão do ponto de vista da eficácia pedagógica. Nós teremos um retorno agora com vários protocolos de bolhas, tem escolas na nossa cidade que, pelo tamanho das salas, o retorno será para apenas dois estudantes por semana. Um rodízio e escalonamento muito grande. Então, do ponto de vista pedagógico, pode ser que a eficiência disso seja muito pouca. Lógico que está todo mundo querendo voltar para a escola, o professor, estudantes e os pais querem que os filhos voltem, mas precisamos garantir os direitos constitucionais da criança de ter uma aprendizagem da forma correta”, disse Matheus Pacheco.

Outro vereador, Renato Zoroastro (MDB), também é integrante da Comissão Volta às Aulas e ressaltou durante a reunião que muitas atividades precisarão ter adaptações nesse retorno e que as aulas não serão como era antes da pandemia.

“Muita gente entende a volta às aulas como aconteceu em 17 de março do ano passado e a gente sabe que muita coisa não vai ser da mesma maneira, visto que a pandemia, com a vacinação avançada e a situação melhorando no nosso município, não acabou. Eu tenho relato de pais e mães de alunos que falaram que em uma sala que tinha 15, quase 20 alunos, vai funcionar com quatro ou cinco alunos no máximo. Então, para respeitar o protocolo, o distanciamento, os laudos, muita coisa vai ser adaptada. É preciso que toda a sociedade entenda e receba os esclarecimentos de como irá funcionar esse novo normal”, ressaltou Renato.

Greve dos servidores municipais

Ouro Preto está atualmente na Onda Verde, a mais flexível do plano Minas Consciente. O Decreto nº 6.170 de 4 de agosto de 2021 dispõe sobre autorização do retorno gradual das atividades presenciais nas unidades de ensino a partir do dia 13 de setembro. Nesta data, apenas a Educação Infantil retornará presencialmente. As demais modalidades retornarão gradualmente após esta data, e análise de contaminação e controle da transmissão da Covid-19.

A Secretaria de Educação de Ouro Preto diz que está trabalhando junto com a equipe de Vigilância Sanitária para que as mais de 40 unidades escolares da rede municipal sejam readequadas seguindo o Protocolo Sanitário de retorno às atividades presenciais feito pelo Governo de Minas Gerais.

Os servidores municipais da área da educação deflagraram greve por serem contrários a esse retorno presencial neste momento, ainda não considerando seguro a volta das atividades nas escolas. Portanto, os professores e pedagogos continuam desempenhando todas as suas atividades de forma remota, como já vem sendo feito, recusando-se a atender qualquer convocação para o retorno presencial enquanto durar a greve sanitária. O Município, por sua vez, afirma que segue a recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ao decretar o retorno das aulas presenciais em Ouro Preto.

De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Prefeitura de Ouro Preto na última quarta-feira, dos 6.186 casos confirmados de Covid-19, 6.082 estão recuperados, 17 pacientes estão internados, a taxa de ocupação de leitos na cidade é de 70% e 128 pessoas morreram por conta da doença.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, 54.288 dos ouro-pretanos foram parcialmente imunizados contra a Covid-19 (71,75%), 22.728 imunizantes da segunda dose foram aplicados em Ouro Preto e 3.869 receberam a dose única da vacina na cidade (35% da população completamente imunizada contra a doença).

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