Não é segredo que o tema Saneouro permanece no epicentro das discussões políticas de Ouro Preto nos últimos anos, e tudo indica que essa pauta continuará sendo central, pelo menos até a próxima eleição municipal. O debate tornou-se emblemático na política local após a última eleição, na qual o então prefeito Júlio Pimenta perdeu sua reeleição para Angelo Oswaldo, que prometeu retirar a concessão da empresa que gerencia os serviços de abastecimento de água e saneamento na cidade. No entanto, essa promessa revelou-se vazia, resultando em desilusão e considerável rejeição política a Angelo Oswaldo.
A falsa promessa de Angelo Oswaldo deixou os habitantes de Ouro Preto mais céticos em relação às promessas políticas. No meu ponto de vista, os eleitores estão menos inclinados a acreditar em candidatos que fazem promessas mirabolantes e pouco viáveis, sobretudo depois que o tema foi amplamente debatido e até avaliado pela Justiça. Além disso, os eleitores já se manifestaram contra a medida tomada pelo antigo prefeito na última eleição, não o reelegendo. Parece improvável que reaquecer o mesmo tema quatro anos depois resulte no impacto político desejado.
É importante ressaltar que a discussão sobre “pagar ou não pela água” é, em sua essência, um debate superficial e meramente político. A falta de cobrança pela água era uma exceção em Ouro Preto quando comparada ao cenário nacional. Em outras cidades, é altamente improvável que se encontre uma população que não pague pelo serviço de abastecimento de água ou que tenha esgoto a céu aberto sem tratamento. Portanto, abordar essa questão como uma luta por “justiça social” é, no mínimo, um exagero.
Ademais, a polarização da discussão, na qual alguns grupos políticos retratam o tema como uma batalha entre “vilões” e “mocinhos,” desvia o foco de questões mais significativas que a cidade enfrenta. O espaço para polarizar e conquistar votos com base na questão da cobrança de água já foi ocupado por Angelo Oswaldo na eleição passada. Ouro Preto precisa evoluir e enfrentar questões sociais mais profundas.
A cidade enfrenta desafios em diversas áreas, como infraestrutura, educação, saúde, preservação do patrimônio histórico e desenvolvimento econômico. Candidatos que se apresentam como a “terceira via” têm agora a oportunidade de apresentar propostas substanciais que os diferenciem dos políticos tradicionais que tanto criticam, como Zé Leandro, Júlio Pimenta e Angelo Oswaldo, por exemplo.
É preocupante que, ao longo dos anos, candidatos que se autodenominam “progressistas” se mostrem arcaicos quando se trata do tema “tarifa de água”, tratando de forma “oca” o tema, que traz em si muito mais do que “cobrança de água”. Está relacionado diretamente com saúde pública. A cidade precisa de líderes que não só abordem a questão da água, mas também ofereçam soluções para os desafios enfrentados pelos cidadãos de Ouro Preto no dia a dia.
Em resumo, é hora da política em Ouro Preto dar um passo adiante. Os eleitores merecem mais do que promessas vazias e polarizações simplistas. Os candidatos devem se comprometer a resolver os problemas reais da cidade, oferecendo soluções concretas para as necessidades de seus cidadãos. Ouro Preto é uma cidade rica em história e cultura, e seus habitantes merecem um futuro baseado em propostas sólidas. Essa é mais uma oportunidade para se quebrar o ciclo vicioso da política local e buscar um caminho de progresso e desenvolvimento para Ouro Preto.