Pobres, negros e LGBTQIA+ encontram dificuldades para sair da Ucrânia

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O preconceito social, racial e a homofobia se manifestam até mesmo nos momentos mais conflituosos de uma sociedade. É o que vem acontecendo nos sete dias de guerra na Ucrânia. 

Para sobreviver, muitos ucranianos estão deixando seu país de origem para recomeçar a vida em países onde a paz ainda reina. O número de pessoas que já saíram da Ucrânia desde quando a Rússia iniciou os ataques, no dia 24 de fevereiro, já ultrapassa um milhão. 

Grupo de africanos que tentam sair da Ucrânia durante a guerra. Foto: reprodução/redes sociais

No meio deste lamentável processo emigratório, que deve demorar para terminar, estão pessoas que fazem parte dos grupos minoritários. São imigrantes de outros países que já viviam na Ucrânia, sendo africanos, asiáticos, sul-americanos, às pessoas de baixa renda  e LGTBTQIA+. Muitos deles relatam que foram deixados para trás ou ficaram como últimos na fila para sair do país em crise de segurança pública. 

O jornal americano The New York Times publicou uma matéria narrando os trantornos que os negros africanos têm em atravessar fronteiras de países como Polônia e Hungria. Eles acreditam que as dificuldades em sair da Ucrânia está relacionada diretamente à cor de suas peles. 

Alexander Somto, um dos africanos impedidos de entrar nos países vizinhos da Ucrânia, usou as redes sociais para denunciar o que está acontecendo. Juntamente com um vídeo com imagens do exército recusando a passagem de um grupo de imigrantes africanos na fronteira, ele escreveu:

“Veja como eles estão ameaçando atirar em nós! Estamos atualmente na fronteira Ucrânia-Polônia. Sua polícia e exército se recusaram a deixar os africanos atravessar, eles só permitem ucranianos. Alguns dormiram aqui por 2 dias sob este frio escaldante, enquanto muitos voltaram para Lviv”.

A ocupação Russa sob a Ucrânia também preocupa os LGBTQIA+, grupo que já sofre preconceito por parte dos conservadores ucranianos, mas que agora vive sob maior pressão, devido à Russia ter sancionado uma lei contra propagandas de pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo.  

Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, trans, queers, pansexuais, agêneros, pessoas não binárias e intersexo encontram dificuldades para fugirem da guerra. Quando são percebidos por algum soldado ucraniano ou polonês como parte deste grupo, suas possibilidades de sobreviver à guerra diminuem, sendo barrados em trens, ônibus e estradas tidas como rotas de fuga ante aos bombardeios.

Assim como a Rússia, a Hungria aprovou uma lei, em junho de 2021, que proíbe a “Promoção da Homosexualidade”, e a Polônia, país culturalmente conservador, aprovou não apenas, uma, mas um pacote de leis “anti-LGBT” no ano passado. Os dois países foram acionados pela União Europeia (UE) por promoverem políticas contra gays. Isso explica porque, agora, este grupo, muitas vezes, é impedido de fugir da guerra e se refugiar em países vizinhos da Ucrânia.

Há um privilégio também das pessoas mais bem sucedidas financeiramente sob as mais necessitadas. Embora haja muita ajuda humanitária para tentar atender às demandas decorrentes dos conflitos, há uma facilidade maior no êxodo das pessoas ricas em relação aos mais pobres. 

Não existe sentimento humanitário que consiga furar a bolha de construções sociais alimentadas por séculos e perpetuada em nossa geração. Quando a cor da pele, a orientação sexual e a condição social definem quem deve viver e quem deve morrer, não existe outro nome a não ser ódio.

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