O Atlético teve mais uma má atuação no Campeonato Mineiro no último domingo (16) contra a Caldense, perdendo por 2 a 1, levando o segundo gol nos minutos finais de jogo. Mas o que impressiona nisso tudo é que a derrota para uma equipe do interior de Minas foi o que menos importou. Saiu em todos os canais de comunicação o vídeo do mascote do time atleticano, o Galo Doido, cometendo um ato de machismo durante a apresentação da nova jogadora da equipe feminina do clube, Vitória Calhau, que foi apresentada junto do ídolo Diego Tardelli.
Em mais um episódio, o Atlético se envolve em polêmica com seu time feminino. Inclusive, mais uma vez, o clube soltou uma pequena nota em suas redes sociais dizendo que afastou o funcionário do time e que repudia os atos cometidos no estádio Mineirão, durante o intervalo da partida contra a Caldense.
— Mariana Spinelli (@marianaspinelIi) February 17, 2020
O que se torna notável é o constante tropeço do time com sua equipe feminina que, anteriormente, atuou como gandula em uma das partidas do Galo no Campeonato Mineiro e também gerou polêmica negativa para o clube.
Essas polêmicas recentes dizem muita coisa sobre o Clube Atlético Mineiro. Um time de massa, que tem como patrimônio principal a sua torcida e que se diz, com orgulho, ser “do povo”, tem ultrapassado épocas tenebrosas de uns tempos para cá.
Sinceramente, basta ir ao Mineirão ou ao Independência para notar um clima hostil, em todos os sentidos. A principal torcida organizada do clube, Galoucura, tem protagonizado uma intolerância e ignorância maior que suas festas com cânticos e bandeiras. O Atlético tem um clima violento dentro de si que precisa urgentemente de mudança.
A medida adotada pelo Galo em questões sociais tem sido insustentável. Ninguém mais acredita nas notas do Atlético, já que constantemente tem problemas relacionados à questões sociais e um posicionamento é dado logo em seguida para que seja livrado da culpa. O futebol institucionalizou ódio, homofobia e machismo durante maior parte de sua história, o que não tira sua beleza, mas que traz cobrança para que se atualize conforme o mundo em que está inserido.
Não tem graça diminuir alguém com cânticos de submissão feminina, ou de atribuir a homossexualidade ao seu rival, mas parece que a torcida do Atlético, principalmente a que começou a aparecer após 2013, parou no tempo, ou pior, regrediu.
A torcida do Atlético ainda é (e sempre será) o maior patrimônio do clube e uma das mais apaixonadas do país, algo incomparável e único no futebol. Mas pela sua paixão e festa, não por sua ignorância e preconceito. Os atos como a do Galo Doido no último domingo é o reflexo da sociedade retrógrada atual do Brasil, que não é afastada de toda a população brasileira.
Se existe solução? Claro que existe, e por isso a bronca no Clube Atlético Mineiro. A relevância que Galo tem na vida das pessoas é enorme, sua palavra conta muito. Então que a use. O time alvinegro de Minas precisa entender que não há mais espaço no mundo de hoje para preconceito, e que estádio não se pode qualquer coisa. Com os atos de racismo de um de seus torcedores no ano passado, machismo pelo mascote, dentre outros, estão matando o clube que teve sua paixão provinda da resistência.
Relembre a resistência de Reinaldo, da representatividade de sua torcedora Cássia Eller, da sua própria fama de Massa dentre as periferias da capital mineira. Atlético, o torcedor, que tanto te apoiou, precisa de você neste momento, urgente. Posicione-se não quando lhe convém, mas sempre, e traga o verdadeiro povo de volta à sua história.
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