Você já ouviu falar em exército mercenário? A “grosso modo”, é uma junção de pessoas que são pagas para servir em uma guerra sem que elas tenham envolvimento cultural ou ideológico algum com o conflito; elas estão ali somente pelo dinheiro que vão receber. Geralmente, são grupos de indivíduos estrangeiros que vão “defender’ o lado da guerra que paga mais.
Uma analogia que pode parecer distante, mas que não deixa de ser pertinente, e que às vezes pode acontecer muito em cidade pequenas e médias do Brasil, é a existência de grupos políticos mercenários. Você provavelmente conhece alguém que é assessor, secretário, diretor, ou seja lá o cargo que ocupa, e que participou de vários governos municipais seguidos, independente se o prefeito tende a ser conservador, liberal, comunista, etc.. Em Ouro Preto, essa profissionalização dos políticos mercenários é tão grande que de quatro em quatro anos nas eleições muda-se apenas um quadro em toda a cidade, que é a figura do prefeito. O resto, são sempre as mesmas pessoas comandando o município. Se você duvida, passe pelo Diário Oficial do Município dos últimos 12 anos e, em especial, do governo Júlio Pimenta para o de Angelo Oswaldo, e você perceberá que boa parte da composição desses dois governos são compostos por “Tunga penetrans”, ou o popular “bicho de pé”, só que político. Essas pessoas penetram o governo de tal modo que já passaram mais tempo na prefeitura do que nas suas próprias residências. É o famoso “Centrão” a nível Municipal.
Todavia, se você passar brevemente pelo “Lattes” dessas pessoas, é possível observar que fora da esfera política, suas atividades no contexto privado é praticamente zero, em outras palavras, não fizeram nada de relevante que contribuísse com a cidade no sentido econômico ou intelectual que justifique tamanha influência dentro do poder público, a não ser uma única e simples questão, a do poder financeiro de contribuir com campanha eleitoral ou a (má) influência politica sobre pessoas em situação, talvez, de necessidades básicas, como moradia e alimentação.
Esses mercenários até de vez em quando demonstram um certo resquício ideológico, mas que facilmente é esquecido quando são “contratados” ou “alinhados” ao lado da “força”, vulgo, quem tem a caneta que lhes beneficiarão financeiramente. Se tudo der errado, larga-se o governo no último ano, “diz que se arrepende” de ter apoiado um governo tão ruim, que “sempre teve visões contrárias”, e no fim vai para o lado de quem está na frente da pesquisa e garante mais 4 anos de parasitismo do dinheiro público.
No governo passado, o fator Saneouro foi o principal tema que, podemos dizer, teve forte influência na rejeição de Júlio Pimenta, que, ao ser sabatinado no “circo da Câmara”, em momento nenhum demonstrou o mínimo de arrependimento, apresentando até como seu “legado” a concessão da água do povo ouro-pretano à iniciativa privada.
Por outro lado, os do governo atual, que boa parte fizeram de tudo que ocorreu no governo anterior, reagem como se houvesse uma terrível ofensa às suas respectivas progenitoras ao citarmos o nome Saneouro em seus ouvidos. Me lembro do clássico filme do diretor M. Night Shyamalan, A Vila, em que “criaturas perigosas” que assombravam uma pacata comunidade no meio da floresta estão ali todas às noites. Todos sabem da existência desses “bichos estranhos”, mas é proibido citá-los em público. Os “monstros” são sempre vocalizados como “aqueles que não mencionamos” entre os habitantes.
De tudo isso, fica a pergunta? O povo se permitirá ser enganado de novo “derrubando” o rei da mesa de xadrez, sem antes se dar conta de que os “peões, bispos e cavalos” têm todos os mesmos formatos, mas que só mudam de lado na mesa quando o jogo acaba (e alguém sai vencedor)?