Na última semana, um episódio envolvendo a suspensão do mega evento de gravação do DVD “Diferentão 2” de Dilsinho, em Ouro Preto, chamou a atenção da cidade e foi pauta nos principais jornais do país. Neste caso, mais do que uma simples celebração musical, a cidade histórica de Ouro Preto se tornou palco de um debate crucial sobre a importância da atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado de Minas Gerais levantaram preocupações sobre o evento e recomendaram sua suspensão. Entretanto, o prefeito Angelo Oswaldo, em entrevista exclusiva a um jornal local, afirmou que todas as autorizações estavam em ordem e que o show aconteceria conforme o planejado. Dois dias depois, a Justiça decidiu pela suspensão do evento, que já havia causado transtornos no centro histórico da cidade.
É inegável que, assim como o prefeito manifestou sua prontidão para confirmar o evento, ele deveria ter igualmente a mesma disposição para esclarecer o que aconteceu nos bastidores. A confusão na Praça Tiradentes, que se tornou uma vergonha nacional, certamente afastará qualquer artista que considere realizar eventos semelhantes no futuro.
Dilsinho, em um desabafo nas redes sociais, alegou que a prefeitura autorizou a montagem do palco e das estruturas e disse que essa foi “uma das maiores decepções” da sua carreira. No entanto, órgãos do Ministério Público apontaram a ausência de um parecer favorável do IPHAN sobre o evento. Surge a pergunta: a prefeitura realmente tinha a autoridade para conceder a permissão para a montagem? Se sim, por que a Justiça posteriormente embargou o evento?
É preocupante que, em meio a essa controvérsia, haja tentativas de desacreditar o Judiciário e o IPHAN, acusando-os de “picuinha política da oposição”. Acreditar que um grupo político exerce tanta influência sobre instituições como o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Estado e o Judiciário é uma visão distorcida da realidade. Além disso, questionar a base jurídica da decisão judicial é um ato que coloca em risco a estabilidade das instituições democráticas.
É crucial que a prefeitura de Ouro Preto esclareça se a decisão de suspender o evento foi um ato de “perseguição política” ou se a produção foi enganada pela gestão atual, assim como os cidadãos que aguardam há tanto tempo à prometida retirada da empresa Saneouro. A independência do Judiciário e a atuação do IPHAN são pilares fundamentais para a preservação do patrimônio histórico e artístico do nosso país, e devem ser respeitados e fortalecidos. Ouro Preto, como cidade histórica, merece nada menos do que isso.
No fim das contas, a balbúrdia na Praça foi instaurada, ninguém entendeu nada, e o evento não se realizou e toda a vergonha passada pela cidade foi “varrida pra debaixo do tapete”.