Na última segunda-feira (15), Adalberto Eberhard, que nos últimos três meses esteve à frente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela gestão de mais de 300 unidades de conservação federais, pediu exoneração do cargo. A atitude de acentuou os ânimos já inflamados no Ministério do Meio Ambiente.
O desligamento de Adalberto Eberhard ocorreu logo depois de um final de semana polêmico, em que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em uma viagem ao Rio Grande do Sul, ameaçou abrir um processo administrativo contra servidores do instituto que não haviam comparecido ao evento em que ele e o presidente do órgão estavam presentes.
Entenda o caso:
O ministro Ricardo Salles e Adalberto Eberhard visitavam a região do Parque Nacional Lagoa do Peixe e, após ouvir reclamações de pescadores e produtores locais sobre o ICMBio, o ministro solicitou que os funcionários do instituto se juntassem a ele na mesa. “Não há nenhum funcionário?”, questionou. “Vocês vejam a diferença de atitude: está aqui o presidente do ICMBio que, embora seja um ambientalista histórico, uma pessoa respeitada no setor, veio aqui ouvir as opiniões de todos vocês. E na presença do ministro do Meio Ambiente e do presidente do ICMBio, não há nenhum funcionário aqui”.
Após sua fala, Salles anunciou a abertura do processo administrativo disciplinar contra todos os funcionários. Enquanto a plateia aplaudia com entusiasmo, Adalberto Eberhard permaneceu em silêncio.
A resposta do responsável pelo instituto veio nesta segunda, quando, então, ele foi até seu gabinete em Brasília, despediu-se dos funcionários e entregou sua carta de demissão. Nela, Eberhard alegou “motivos pessoais” para sua demissão do ICMBio.
Os funcionários do Instituto Chico Mendes, por sua vez, relataram ao jornal O Estado de S. Paulo que não compareceram ao evento porque não haviam sido convocados para a cerimônia.