A majestade de milhões! Conheça o tetracampeão Rafael Eduardo, rei Momo do Carnaval de BH

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Com um gingado singular, carisma e beleza exuberante, Rafael Eduardo, de 33 anos, é o Rei Momo com mais títulos da história do carnaval de Belo Horizonte (MG). Em seu quarto reinado, o ator, bailarino, educador físico e estudante de psicologia contou sua trajetória com exclusividade ao portal Mais Minas.

Rafael entendeu desde muito cedo que precisaria vencer alguns obstáculos para se consolidar como artista, “comecei na dança aos 12 anos, venho de uma família militar, estudei em colégio militar, onde era tudo muito tradicional e eu me desviei pra arte. Uma vez um professor falou que eu não daria em nada”, contou Rafael.

Rafael Eduardo estudou em colégio militar, mas sua vocação artística foi maior. Foto: redes sociais do bailarino

Foi no Núcleo Mineiro de Cultura Feijão Queimado, de quadrilha, que Rafael deu seus primeiros passos profissionais rumo a uma empecível estória dentro da arte belo-horizontina. “Com 13 anos fui para o grupo de pesquisas e Projeções Folclóricas Guararás. Fiz curso de teatro no NET, depois fiz curso na igreja, então resolvi me profissionalizar”, disse.

O bailarino se profissionalizou e decidiu fazer parte do carnaval de Belo Horizonte a partir de 2011, antes de se tornar Rei Momo pela primeira vez, Rafael fez parte de Escolas de Samba e continua fazendo, porém com uma ressalva. “Como eu sou Rei Momo eu tenho que me desvincular da Escola, mas faço parte da Canto da Alvorada, já fiz comissão de frente, já fiz guardiões, vim como símbolo da escola, que é o galo, também faço parte dos Bacharéis do Samba, onde sou Rei de Bateria e tive que me desvincular, pois é um bloco caricato de BH”, explicou Rafael Eduardo.

“Quando eu vi que o concurso não tinha peso mínimo, tinha que ter samba no pé, carisma, alegria, aí foi que eu resolvi disputar o primeiro título de Rei Momo”, contou. Em 2012 Rafael foi consagrado Rei Momo pela primeira vez, com apenas 62 quilos, ela chegou quebrando o paradigma de que para ser Rei Momo era obrigatório ser gordo.

Depois de perder o concurso pela primeira vez, em 2014, Rafael ficou um tempo longe da competição, retornando dois anos depois com uma bagagem maior e mais bem preparado. “Eu sempre procuro me atualizar, levar algo diferente ou me aperfeiçoar com pessoas que também são do ramo, pegar algumas dicas, alguns toques e tem que correr atrás”, disse.

O samba é realmente a “casa” de Rafael. Além de Rei Momo, fazer parte de bloco caricato, de escola de samba, o artista ainda consegue tempo para fazer parte de alas de baterias show como do Mestre Linguinha, por exemplo, o que lhe o leva a viajar para eventos fora da capital mineira.

Maiores desafios do Rei Momo Rafael Eduardo

Corte Momesca do Carnaval de Belo Horizonte/2019. Foto: Elis Bohrer/Mais Minas

Nem só de majestade vive um rei. O samba no pé está garantido, mas há muitas situações por trás do carnaval de um Rei Momo. Rafael Eduardo precisou vencer alguns obstáculos até se tornar o melhor do carnaval de Belo Horizonte. “No primeiro ano o desfio foi ser um Rei Momo magro, eu tive que cativar as pessoas para que elas pudessem quebrar esse paradgima de que o Rei Momo tem essa cultura e teria que ser gordo. No outro ano o desfio foi poder conquistar através do meu samba e as pessoas terem certeza que indiferente de cor, raça, credo ou de peso, o Rei Momo tem que levar alegria, então tento através dessa energia que eu vivo e que corre em minhas veias, que é a de carnaval, que eu defendo, é que eu possa conquistar as pessoas e elas saírem dali com a certeza de que vivenciaram um dos melhores carnavais, passaram por um momento de alegria e de troca. Esse é o desafio que eu sei que eu passo.

Então em cada local eu tenho que conduzir de uma forma diferente, divertir de uma forma diferente, receber as pessoas de uma forma diferente, mas sempre disposto em tocá-los através da minha arte”, explicou com muita emoção na voz.

Curiosidades sobre os reinado ados de Rafael Eduardo

Reinado de Rafael Eduardo em 2019. Foto: reprodução/G1

Popular, sensível e poderoso, com a nobreza digna de seus quatro títulos, quem já viu Rafael Eduardo nas ruas durante a folia sabe que ele é totalmente do povo. Durante a maratona carnavalesca o artista não deixa de sorrir, conversar, tirar fotos e o principal, dançar, em nenhum momento. Um dos protagonistas do carnaval belo-horizontino disse que já vivenciou muitos momentos marcantes dentro desse contexto, mas dois marcaram sua trajetória.

Com uma voz nostálgica Rafael visitou o passado: “Em 2019 a minha avó apareceu no concurso sem eu saber, de surpresa, foi bem legal. Ela é uma mulher de muita fé e me deu uma energia muito boa”.

Como um bom Rei Momo que é, o dono do carnaval de BH não deixa ninguém para a fora da folia. “No ano de 2019, quando tinha um andarilho na rua com uma bandeira LGBTQIA+, uma bandeira toda rasgada, eu peguei ela e tiraram uma foto e a imagem viralizou, foi muito marcante”, contou.

A vida da realiza não é fácil, recentemente a Corte Momesca de BH foi recebido pelas Escolas de Samba cariocas Portela e Mangueira e no Baile dos Passistas (Rio de Janeiro).

Pausa da pandemia

Rei Momo incorpora a figura do malandro sambista. Foto: Black Dom

O carnaval de Belo Horizonte teve um auge entre 2019 e 2020, anos em que recebeu milhões de foliões, como centenas de blocos de rua, caricatos, afros, além do desfiles de Escolas de Samba. Com o advento da pandemia as atividades culturais precisaram pausar e junto com a pausa o brilho e a magoa do carnaval se apagou. Vivemos agora um momento de resgate, de reafirmação da cultura brasileira e o carnaval, a maior festa popular do país, é muito importante dentro desse processo.

Agora com a vacinação caminhando e os investimentos retornando, um dos expoentes do carnaval mineiro, Rafael Eduardo, pretende uma festa única, com momentos memoráveis para e ele o público.

“A gente vem de um carnaval que ficou parado, que resistiu durante esses dois anos aí, ficou guardadinho na caixinha. Então as pessoas podem esperar muita troca, muito afeto, muito sorriso. Acho que após resistirmos a isso tudo, é o mínimo que a gente pode entregar pro público. Defender este legado mesmo e levar essa bandeira do Carnaval de Belo Horizonte, que está nessa ascensão a a cada dia. Temos um público esperado de 4,5 milhões de pessoas para BH. É uma conquista que a gente quer ter com as pessoas, é essa troca”, explicou sobre suas expectativas para o carnaval 2023.

Recado do Rei Momo do Carnaval de Belo Horizonte 2023 para o público

O carnaval só começa quando ele autoriza e as palavras de um Rei devem ser consideradas. Quem pretende passar o carnaval em Belo Horizonte deve se atentar ao recado de Rafael Eduardo, o nosso Rei Momo!

“Eu espero que seja um carnaval de muito sorriso no rosto, de muita alegria. É um carnaval para todos, todas e todes. Que as pessoas entendam que o ‘não é não’, que os corpos não estão ali pra ser tocados. Que eles possam respeitar o espaço de cada um, afinal de contas é um carnaval que tem espaço pro rock, pro axé, pro pagode, pro samba. Pra criança, pro vovô, pros cachorros, porque temos blocos pets. Então é um carnaval que é literalmente de todo mundo. Desejo que as pessoas saibam se divertir, cada um no seu quadrado, cada um no seu espaço, respeitando cada um com sua bandeira, com a sua crença e com o seu carnaval”, finalizou Rafael.

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