A Fundação Renova se manifestou, na tarde desta sexta-feira (03) sobre as denúncias de favorecimento às empresas mineradoras envolvidas nos casos de rompimentos de barragem em detrimento aos atingidos. A situação da instituição, acusada de se tornado um braço da Vale, levou as autoridades da Assembléia Legislativa de Minas Gerais a convocarem uma audiência pública, que acontece neste momento, para tratar do tema (Assista a audiência ao vivo, no fim da matéria).
Procurada pela reportagem do Mais Minas, a Fundação Renova emitiu o seguinte comunicado:
“A Fundação Renova é uma organização autônoma, com uma missão socioeconômica e socioambiental: reparar e compensar os impactos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. A entidade integra um sistema colegiado em que mais de 70 entidades estabelecem diretrizes para reparar os danos socioambientais e socioeconômicos resultantes do rompimento da barragem de Fundão. Dentro desse sistema, a Fundação Renova é a organização responsável pela mobilização e execução das ações de reparação e compensação. Trata-se de uma frente ampla atuando na bacia do rio Doce, com 7 mil profissionais em campo, mais de 25 universidades e cerca de 40 ONGs parceiras.
Balanço das ações
As ações de reparação estão sendo executadas desde as primeiras horas após o rompimento
e foram assumidas pela Fundação Renova em agosto de 2016. Até o momento, foram desembolsados R$ 5,7 bilhões nas ações integradas de recuperação e compensação. Entre os avanços estão o início das obras de infraestrutura dos equipamentos urbanos e residências de Bento Rodrigues e o desenho das casas do reassentamento coletivo de Paracatu de Baixo. Estudos para avaliar o impacto sobre as águas e a biodiversidade do rio Doce estão em pleno andamento. O plano piloto de manejo de rejeitos no rio Gualaxo do Norte foi bem-sucedido. Foram disponibilizados R$ 500 milhões para obras de saneamento em regiões onde quase não há tratamento de esgoto, mais de 1000 obras de infraestrutura concluídas. Fundos de fomento e programas de incentivo à contratação local estão ajudando as cidades atingidas a retomar sua economia. Foram desembolsados, até março de 2019, cerca de R$ 1,5 bilhão em indenizações e Auxílio Financeiro Emergencial para cerca de 300 mil pessoas.”
Braço de mineradoras
Para a deputada Beatriz Cerqueira (PT), autora do requerimento de realização da reunião, a Fundação Renova tem atuado muito mais para beneficiar as empresas responsáveis pelo rompimento em Mariana do que para apoiar a população atingida. A Barragem de Fundão era uma estrutura da empresa Samarco, controlada pela Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.
“A percepção é que a Renova se tornou um braço da própria mineradora para cuidar das vítimas do crime que ela cometeu. Portanto, é necessário um processo global de avaliação do que ocorreu, para que isso não se repita. Porque, senão, daqui a pouco alguém vai propor a criação de uma outra fundação para cuidar das vítimas do outro crime em Brumadinho”, afirmou Beatriz Cerqueira.
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