Finalmente, depois de muito sonhar, me encontrei no auge dos meus 32 anos na Cidade do Rock, localizada no Rio de Janeiro (RJ), e o que posso dizer é que foi a melhor experiência da minha vida.
Participar do terceiro dia de um dos maiores festivais de música do mundo que acontece no meu país, foi simplesmente arrebatador. Logo quando cheguei, por volta das 13h50, fui direcionada para uma fila, e ali já comecei a sentir a energia do evento. A fila demorou um pouco para andar, mas as pessoas estavam todas muito entusiasmadas: crianças, jovens, e até idosos estravam na expectativa para a abertura dos portões, e todo mundo muito estiloso.
Os portões se abriram e a fila começou a andar mais rápido, bastou 10 minutos para que eu já estivesse lá dentro do Rock in Rio. De cara me deparei com a famosa logo do festival, aquela que muita gente tira foto. Andando mais adiante havia um palco enorme que, ao final da noite, eu descobriria que era para shows de música eletrônica, isso eu só descobri às 3h da matina, quando estava saindo do evento, era como se o festival estivesse dando um adeus especial para o público daquela noite.
Rebobinando a fita para a hora que entrei na Cidade do Rock, conforme fui andando via uma montanha russa gigantesca, que pela TV não dá para ter a noção da dimensão que é aquilo. Eu fiquei parada sorrindo e admirando as pessoas se divertindo como se fossem crianças. Eu como uma boa medrosa que sou só fiquei ali olhando mesmo (risos).
Vi algumas casinhas, parecia uma pequena vila e depois fui descobrir que eram bares, um deles, um pub de jazz, e havia um pessoal fazendo um som incrível lá dentro, me senti em NY por alguns instantes. Entre as casas, na pequena “vila” haviam umas mesas com cadeiras, parecendo uma praça mesmo, inclusive o ator Tiago Fragoso estava lá criando conteúdo, mas logo ele teve que sair correndo pois as fãs começaram a enlouquecer.
Vi o palco Favela, em seguida o Rock District, o Palco Coca-Cola, também o Itaú, foi quando numa virada de pescoço eu vi ele, o Palco Mundo. Ele que em 2015 tinha cinco metros de altura e 86 metros de dimensão, e que em 2019 cresceu ainda mais (números ainda não divulgados), estava ali diante dos meus olhos e ao alcance dos meus ouvidos. Naquele momento parecia que só tinha eu e o palco na imensa Cidade do Rock de 385 mil m². Foi selfie pra todo lado (risos). Havia pessoas descendo de tirolesa, outras na roda gigante, todos muito livres e felizes por estarem ali. Algumas filas quilométricas para usar os brinquedos ou ganhar brindes, mas tudo vale a pena quando se fala em Rock in Rio.
Ouvimos um som que vinha do palco Favela, e quando chegamos havia um grupo de dança se apresentando. O Palco foi criando em uma estrutura de favela mesmo, com casas e barrões uns em cima dos outros, cachorros, gatos, roupas penduradas nos varais, enfim, a temática ficou bem semelhante a um morro do Rio de Janeiro, e ali em cima disso tudo, na famosa “laje”, jovens dançavam lindamente o som que hoje mais os representa, o funk. Não houve espaço para preconceito musical, e ninguém ficou parado. Ao final da apresentação, os jovens que dançavam com roupas extremamente coloridas fizeram um protesto contra o genocídio negro que acontece nas periferias do Brasil, e com punho fechados e vestindo uma camisa preta, todos entoaram as estatísticas do rap clássico “Capitulo 4, Versículo2” dos Racionais Mc´s: “60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial. A cada 4 pessoas mortas pela polícia, 3 são negras. Nas universidades brasileiras apenas 2% dos alunos são negros. A cada 4 horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulo. Aqui quem fala é Primo Preto, mais um sobrevivente”. E assim eles encerraram o espetáculo.
Eu me dirigi ao Palco Sunset, que eu não tinha visto até então. Lá tocava a banda Plutão Já Foi Planeta, a banda não é dona de hits, mas deixou seu recado com um som na vibe soul brazuca, Jorge Ben, etc e tal. Os nortistas foram recebidos com muito carinho pelo público do festival e de quebra receberam no palco a produtora Mahmundi.
Fiquei apertada para ir ao banheiro, inclusive quero deixar aqui para quem ainda não participou do festival. Meus parabéns pela organização! O local, além de super seguro, tem banheiros, e estabelecimentos para todos os lados, ou seja, fácil de comer, beber, e dar aquela aliviada. Mas enquanto eu me dirigia ao banheiro, dei de cara com a Marisa Orth, ali bem na frente do palco, nem aí pra paçoca, cumprimentando e abraçando todo mundo. Ela queria mesmo era ver o show da Elza que estava sendo preparado. Essa foi outra questão que me chamou a atenção: a agilidade da produção do evento para a montagem do cenário e palco durando os intervalos dos artistas.
Não passou muito tempo e lá estava ela, a “Cantora do Milênio” Elza Soares, que embora carregue o peso de sua idade, beirando os 90 anos, chegou cheia de energia e com a cabeça feita sobre tudo o que precisava explicitar no Rock in Rio. Elza começou o show com “Libertação”, cujo o público cantou o refrão junto repetitivas vezes: “não vou sucumbir”. A diva militou contra o machismo, a violência doméstica e o racismo, entre outras pautas. “Chega de perseguir os negro e pobres”, gritou Elza Soares durante o show.
Em seguida começamos a ouvir um” barulhão” vindo do palco mundo, era ela, a rainha, a dona da p#$% toda, Ivete Sangalo. Foi uma correria, o povo começou a ir para o palco desesperadamente, foi como se Ivete fosse a atração internacional do evento, a galera já chegou pulando. Veveta iniciou o show com o hit Eva, em seguida, se aventurou nos funks antigos. Em seguida ela subiu na bateria e tirou um som; o momento foi muito especial.
Seguindo o cronograma do evento, a cantora Iza chegou muito emocionada ao palco Sunset do Rock In Rio. Logo na primeira música ela já foi contando que há dois “Rock in Rios” atrás ela estava no lugar do público, assistindo, e que era um sonho pra ela estar ali em cima do palco se apresentando, Iza deixou uma mensagem motivacional, para que as pessoas não deixem de acreditar nos seus sonhos. Ainda no show de Iza, houve a participação mais que especial da Alcione, que desfilou seus hits, além da participação da pequena Luara Martins, intitulada como “mini-Iza”. A pequena dançou ao som de “Yo Yo”, música de Gloria Groover com Iza. A pequena literalmente tomou a cena e seu vídeo “viralizou” na internet.
Chope vai, chope vem, e o Goo Goo Dolls já estava ali no palco Mundo. Eles trouxeram de volta hits dos anos 90 e parece que os brasileiros gostaram, todo mundo cantou juntinho. Foi o momento “gut gut” do Rock in Rio.
Já o show de Jessie J. foi pauleira. A cantora já chegou pedindo pra jogar luz na plateia. Ela queria o “tête-à-tête” com seu público, e conseguiu. A britânica chegou ensinando a galera como se divertir durante o seu show. Com uma presença de palco única, a cantora não deixou ninguém ficar parado: “Tudo bem vocês filmarem com o celular, só não cubram o rosto. Quero ver vocês”, disse Jessie ao público. E ela ainda completou o seu manual: “Deixe que eu canto para vocês”, disse a cantora que encerrou a noite no Palco Sunset.
Como era de se esperar, a Dave Matthews Band quebrou tudo no palco mundo. Foi um show para todo o tipo de público, mas principalmente para músicos. A big band desfilou muita técnica no palco e trouxe clássicos de artistas com Prince e AC/DC para o Rio de Janeiro, além de seus sucessos, é claro. A banda veio toda sincronizada em uma fusion, fazendo frases jamais ouvidas no país. O público presente ficou de queixo caído, foi um show e tanto.
Enfim chegou a hora mais esperada da noite, e confesso que minhas pernas já estavam doendo e eu já estava muito cansada de andar “pra lá e prá cá”, buscar bebida, buscar comida, ir ao banheiro, mudar de palco… se for somar tudo isso, durante uma tarde e noite dá alguns quilômetros bons, mas na hora que eu vi o coração com asas e a espada no meio no telão, a dor e o cansaço foram substituídos por emoção. Minha ficha caiu e eu pensei “Bon Jovi está entre nós” (risos). Havia muita gente sentada na grama sintética, que por sinal estava molhada, pois havia chovido. Mas logo quando começou a vinheta da abertura do show do Bon Jovi, “geral” levantou pra curtir. A banda tocou com pegada, com gosto, eles desfilaram um repertório de inéditas e intercalaram com outras menos conhecidas, mas quando tocou “It´s My Life”, a cidade do Rock parecia que ia desabar. Durante o show, o vocalista deixou uma fã subir ao palco, e rolou até um beijo na boca. Foi pura emoção!
Ao ir embora, como eu escrevi acima, havia um palco para música eletrônica, as luzes do palco se acenderam e a galera já chegou pulando. Como essas pessoas ainda tinham energia pra pular daquele jeito, eu não sei, o que sei é que fiquei muito emocionado ao ver os fogos de artifícios, pois, como eu disse anteriormente, parecia que o Rock in Rio estava dando tchau pra galera em grande estilo.
Bom, essa foi a minha experiência no Rock in Rio, e em 2021 espero poder voltar e viver novas emoções. Um abraço e até a próxima!