Minas Gerais se consolida como um dos principais destinos para o turismo religioso no Brasil. Com cerca de 60% do patrimônio sacro do país localizado em suas cidades históricas, o estado oferece uma experiência única que combina a busca espiritual com um profundo mergulho histórico-cultural. Durante o calendário da Semana Santa são esperados 550 mil turistas e uma movimentação econômica de R$ 5,5 bilhões, segundo o Governo de Minas. Nesse período, o território mineiro se transforma em palco de grandes manifestações de religiosidade, reunindo moradores, visitantes e turistas de todas as partes do país.
Os ritos têm raízes profundas que remontam ao período colonial e ao ciclo do ouro, quando a mineração atraiu colonos e missionários. É justamente na região do Circuito do Ouro que encontramos uma rica variedade de igrejas barrocas, santuários, exposições de arte sacra e festas religiosas.
As procissões serpenteiam ladeiras históricas, passando em frente de capelas e igrejas centenárias. Também estão presentes os tradicionais símbolos e rituais como os tapetes de serragem, o círio pascal, os ramos, a via-sacra, a encenação da paixão e morte de Cristo, entre outros.
O Circuito do Ouro compreende 16 municípios, muito próximos à capital, Belo Horizonte, divididos em quatro roteiros segmentados. Separamos algumas das principais atrações e experiências que fazem cada uma destas rotas atrair cada vez mais fiéis, peregrinos e viajantes em busca de autoconhecimento, refúgio espiritual e práticas relacionadas à fé, não apenas durante a Semana Santa, mas em todos os períodos do ano.
Religiosidade entre cenários da história

O roteiro “Entre Cenários da História” nos leva a um tour pelo passado, destacando as tradições religiosas através de diversos traços arquitetônicos e artísticos. Fazem parte deste itinerário as cidades de Ouro Preto, Mariana, Congonhas e Ouro Branco.
O conjunto de igrejas barrocas de Ouro Preto, Patrimônio Mundial da UNESCO, é um dos principais atrativos para os amantes da arte sacra. A mais famosa é a Igreja de São Francisco de Assis, projetada pelo mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Congonhas também preserva uma forte identidade religiosa com o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Este complexo, também Patrimônio Cultural da Humanidade, é famoso pelas esculturas em pedra-sabão dos 12 profetas e pelas 66 imagens entalhadas em madeira, consideradas a realização máxima de Aleijadinho.
Outro destaque é Mariana, cidade mais antiga e primeira capital do Estado de Minas Gerais, que conta por exemplo com a Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção. Conhecida como Sé de Mariana, é um dos mais importantes monumentos religiosos e artísticos do século XVIII e dentre as sete catedrais erguidas no Brasil Colônia é a única que mantém traços originais. Em Mariana, também é possível visitar o Ateliê Edney do Carmo, experiência que faz parte da Rota das Artes, e oferece mais um mergulho na arte sacra.
Já no município de Ouro Branco, onde a religiosidade também é um dos traços mais marcantes, está a Capela Nossa Senhora Mãe dos Homens, de meados de 1865, e também a Matriz de Santo Antônio de Ouro Branco, considerada uma das mais belas obras do barroco mineiro.
Refúgios de fé e contemplação

Já o roteiro “Entre Serras da Piedade ao Caraça” – que reúne as cidades de Caeté, Barão de Cocais, Santa Bárbara e Catas Altas – é ideal para quem busca refúgios de paz e devoção em meio à natureza. O Santuário Nossa Senhora da Piedade é um cenário de riquíssima beleza natural no alto da Serra da Piedade, a 1.746 metros de altura. Localizado em Caeté, é local de peregrinações desde o século 18, quando foi construída uma Ermida em homenagem a Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais. No interior da capela destaca-se o retábulo do altar-mor, em estilo rococó, e a imagem de Nossa Senhora da Piedade, escultura atribuída a Aleijadinho.
Na mesma rota, está outro reduto de profunda imersão espiritual e ecológica, localizado na Serra do Caraça, entre os municípios de Santa Bárbara e Catas Altas. Em uma área de mais de 11 mil hectares, o Santuário do Caraça abriga a Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens — a primeira do Brasil em estilo neogótico —, além de museu, pousada, restaurante e uma vasta área natural preservada, com trilhas e cachoeiras.
Inclusive, neste ano o Santuário do Caraça e Santa Bárbara recebem, durante a programação especial de Semana Santa, a encenação de “Os Passos da Agonia”, espetáculo da Âncora Cia de Teatro, que celebra 50 anos de tradição e arte. O tradicional teatro religioso é considerado um dos mais importantes de Minas Gerais e tem reconhecimento de Patrimônio Cultural Imaterial Municipal de Santa Bárbara, cidade mineira que é a sede do grupo.
Outro trajeto que atrai turistas religiosos e une contemplação e natureza no Circuito do Ouro é o “Entre Trilhas, Sabores e Aromas”, que compreende as cidades de Rio Acima, Itabirito, Nova Lima, Sabará, Santa Luzia e Raposos.
O Mosteiro Nossa Senhora da Conceição das Macaúbas, em Santa Luzia, é uma das paradas obrigatórias aos visitantes neste roteiro. A instituição, onde as freiras vivem em comunhão com o meio ambiente e antigos hábitos, foi fundada em 1714.

Já em Sabará, cidade também reconhecida por sua forte expressão religiosa e arquitetura colonial, se destaca na Semana Santa com uma programação rica que inclui missas solenes, procissões, encenações teatrais da Paixão de Cristo e diversas manifestações culturais. Na Quinta-Feira Santa ocorre a abertura do Santo Sepulcro, cerimônia que só acontece em Sabará, há mais de 200 anos. O ritual se diferencia das demais igrejas da região – que o fazem na Sexta-Feira da Paixão – e é considerado um dos mais longos da tradição religiosa local porque inclui uma vigília de 24 horas.
A fé presente nos saberes e fazeres

A religiosidade em Minas Gerais também se reflete nos saberes e fazeres locais. Em Nova Era, por exemplo, o pastel de São José tornou-se um símbolo da cidade. A história começa em 1991, quando Terezinha Souza de Araújo começou a fazer o alimento para ajudar nas obras de restauro da Matriz de São José da Lagoa, uma joia barroca que estava em condições muito precárias.
Bem recheados, nas versões carne ou queijo, ele é vendido toda quarta-feira em frente à igreja, logo após a missa, embora a maior produção ocorra nos festejos de São José, de 10 a 19 de março. O lucro arrecadado até hoje ajuda nas obras de restauração e manutenção da igreja matriz. Por seu valor social, gastronômico e cultural, o Pastel de São José da Lagoa foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Nova Era.
Os turistas podem experimentar esse pastel tão especial e visitar a matriz, preservada com tanto zelo pela comunidade, percorrendo o roteiro “Entre Ruralidades e Personalidades” do Circuito do Ouro, que inclui também o município de Itabira, terra do poeta Carlos Drummond de Andrade, e o distrito de Ipoema.
E este ano, a Semana Santa em Itabira ganha um significado ainda mais especial com a comemoração do bicentenário da Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Catedral Diocesana). Fundada há 200 anos, a paróquia desempenha um papel central na vida religiosa e cultural da cidade, sendo um marco da tradição e da fé do povo itabirano. A programação especial também inclui as celebrações do Ano Santo – Jubileu de Esperança e do Jubileu Diocesano (1965 – 2025), que marca os 60 anos de evangelização da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano.
Conheça mais sobre todos os roteiros:
Os roteiros estão sinalizados e possuem grande proximidade geográfica, semelhanças históricas e culturais. A segmentação das rotas de visitação facilita a busca de informações e guia os visitantes pelas atrações e experiências.
Os 16 municípios atrelados à Associação do Circuito do Ouro, além de participarem das políticas públicas de turismo fomentadas pela Instância de Governança Regional – que é responsável por orientar as cidades seguindo as diretrizes da Secretaria de Turismo e Cultura de Minas Gerais e do Ministério do Turismo – também se beneficiam do plano de trabalho estratégico da entidade.
Um dos importantes parceiros da associação é o cartão ELO, que ajudou na sinalização dos roteiros trabalhados, distribuição de material para os empresários parceiros, participação em festivais de turismo, capacitação de profissionais das prefeituras, parceiros e do trade em geral, com foco no atendimento ao turista, estratégias de marketing para o destino e muito mais.
Ao todo são 4 roteiros que integram o Circuito do Ouro:
– Entre Serras: da Piedade ao Caraça
– Entre Cenários da História
– Entre Trilhas, Sabores e Aromas
– Entre Ruralidades e Personalidades
Fonte: Assessoria de Comunicação do Circuito do Ouro