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Se você acompanha o Big Brother Brasil (BBB), provavelmente já ouviu a palavra “sabonetar” sendo utilizada nesta ou em outras edições. Na temporada 25, logo na primeira prova do líder, a dupla Vinícius e Aline indicou Edi e Raissa ao paredão. Aline declarou: “A gente não vai fazer o louco, porque a gente não está aqui para sabonetar.”. Mas o que significa, afinal, essa gíria-verbo?
No contexto do reality, “sabonetar” é sinônimo de não se posicionar, fugir de conflitos ou escorregar por entre as decisões mais difíceis. A origem está na ideia de algo ensaboado, que desliza, mas que aqui ganha novos contornos ao migrar do mundo literal para o simbólico. Aline, ao afirmar que não estava ali para “sabonetar”, reafirmou sua postura firme e comprometida em jogar sem medo de desagradar.
Embora a expressão tenha se popularizado nos reality shows e redes sociais, não é apenas na casa mais vigiada do Brasil que ela é utilizada. Em outros cenários – como no debate político, por exemplo – “sabonetar” pode ser usado para descrever aquele representante que evita dar respostas diretas ou tomar uma posição clara.
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Essa evolução do termo foi analisada por Vanessa Leme Fadel Steinhauser, doutoranda em Letras pela Universidade Estadual de Maringá, e Jacqueline Ortelan Maia Botassini, doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. No estudo “Vem sabonetar aqui fora! Um estudo multissistêmico do verbo sabonetar sob influência do Twitter e dos reality shows”, publicado na revista “Papéis” da UFMS, as pesquisadoras exploram como “sabonete” e suas variações se transformam no português brasileiro, destacando o papel das redes sociais e dos reality shows na popularização do termo.
Por trás da gíria, está um fenômeno linguístico, a capacidade que as palavras têm de se transformar conforme os contextos culturais e sociais. O verbo “sabonetar” pode até não estar nos dicionários – pelo menos, não ainda –, mas isso não impede que ele seja amplamente compreendido e utilizado, mostrando que a língua está viva e em constante movimento.
Então, da próxima vez que você ouvir alguém sendo acusado de “sabonetar”, lembre-se: não se trata apenas de uma estratégia de jogo ou de um deslize verbal, mas de um reflexo de como adaptamos a linguagem às nossas experiências diárias.