Você já ouviu falar do Sunderland? Bom, se gosta de futebol e videogames, com certeza esbarrou com esse nome vez ou outra, imagino que sem dar muita importância. Mas de um time tradicional que não conseguiu competir com os ricos clubes ingleses, “The Black Cats“, como o time é conhecido, se tornou fenômeno mundial entre os amantes do futebol com o lançamento e repercussão da série documental “Sunderland Até Morrer” (Sunderland ‘Til I Die, no nome original). E com todo mundo precisando de sugestões para vencer a quarentena, é dessa produção que iremos falar.
Tradicional na Inglaterra, o Sunderland é originário da cidade de mesmo nome e já conquistou o Campeonato Inglês por seis vezes, mesmo que a última tenha sido há quase 100 anos, na longínqua temporada de 1935/36. Após isso, muita oscilação e a perda do papel de protagonista, uma luz no fim do túnel surgiu para os torcedores no final da década de 200: a aquisição do clube por um ricaço que decidiu investir pesado na equipe, tanto na estrutura, quanto no futebol.
Daí para a frente, após muitos anos, o Sunderland conseguiu se firmar na elite inglesa e se manteve na Premiere League por dez anos seguidos. Então, surgiu-se a ideia de fazer uma série documental que mostrasse o dia a dia do clube e como sua restruturação conseguiu o devolver a uma posição na elite do futebol inglês. Só que tudo deu errado e, naquelas temporadas de 2016/17 e 2017/18, duas quedas levarão o time à terceira divisão do futebol inglês. E as coisas se tronam interessantes a partir daí.
https://www.youtube.com/watch?v=k-enNo3iheM
Sunderland até morrer
O título da produção é cirúrgico. Apenas aquele que torce para um time de futebol entende o sentimento de “até morrer”. Bem ou mal, rico ou pobre, faça chuva ou sol, o torcedor está lá, pelo seu clube de coração. E é isso que a série transmite ao mostrar o calvário do Sunderland. Ao contrário de outras produções sobre equipes de futebol, “Sunderland Até Morrer” em momento algum busca engrandecer ou dar contornos heroicos ao time. E isso a torna diferenciada.
Chama a atenção, primeiramente, a conexão entre clube e cidade. A cultura de clubes locais é muito forte num país pequeno em território, comparado com sua tradição no futebol, como é a Inglaterra. Os torcedores realmente vivem o clube, principalmente sendo ele o único time profissional local. Sunderland é uma cidade costeira que, como retrata a série documental, vive em decadência por sua principal atividade primárias, sendo um antigo polo naval, ter se tornado obsoletas. O desemprego é latente e o amor pelo clube parece, por muitas vezes, a única alegria daquela população.
E com a decadência do clube, a cidade em si perde muito. Desde empregos até a auto-estima são perdidos a cada derrota do Sunderland. E a série retrata isso com maestria. É possível sentir o drama e desespero de cada torcedor, funcionário ou pessoa ligada de forma passional ao clube.
Transparência
Outro aspecto que chama muito a atenção na série é a transparência do clube. Raros são os momentos que a câmeras precisam ser desligadas e isso mostra muito duma rotina dentro do clube que nem o mais otimista torcedor brasileiro sonharia em conhecer. Bastidores de negociações, treinamentos, o dia a dia dos atletas dentro e fora do clube, a forma como a situação do clube afeta toda a gama de funcionários, desde os diretores até o porteiro ou os cozinheiros, os torcedores, tanto das arquibancadas quanto de dentro do estádio, enfim, um universo que nós, acostumados com o breu do futebol brasileiro, sabemos existir mas que não fazemos ideia de como funciona.
Lançada em dezembro de 2018, a série foi um sucesso e volta no próximo dia 1 de abril com sua segunda temporada, que será disponibilizada no catálogo da plataforma de streaming Netflix. Ainda não se sabe o que esperar, se a produção seguirá na mesma toada ou se novos elementos aparecerão. O que se sabe com certeza é que se você é fã de futebol, com certeza irá se deleitar com a produção, que pode ser um alento nesses dias de quarentena. E não se assuste caso se pegue cogitando comprar uma camisa desse até então pouco falado clube inglês.
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