Chegou ao fim na noite dessa sexta-feira (24) uma das melhores novelas já produzidas pela rede Globo nos últimos tempos, não no sentido de audiência, embora também seja um fator, mas no sentido de qualidade. “Bom Sucesso”, dos autores Rosane Svartman e Paulo Halm, vai deixar saudades.
Os autores de “Totalmente Demais”, novela também da faixa das 19h00 na Globo, exibida em 2015, deram um “tiro no escuro” ao trazerem para a televisão um folhetim que tem como espinha dorsal a literatura, os livros. Um “tiro no escuro”, porque o Brasil é o oitavo país que menos lê no mundo, segundo pesquisa feita pelo site Picodi.com, e boa parte das pessoas sequer sabem quem foi Machado de Assis ou Carlos Drummond de Andrade, por exemplo.
Como, então, explicar o sucesso estrondoso de “Bom Sucesso”? Sabe aquela história de que “fazendo aquilo que gosta tudo fica mais gostoso”? Pois bem, esse certamente é um dos segredos, senão o principal, do sucesso da novela. Olhar Antônio Fagundes interpretando Alberto e Grazi Massafera interpretando Paloma foi um verdadeiro deleite. Os dois pareciam interpretar os personagens com a alma, deu gosto de ver. Fagundes, em especial, deixava transparecer que estava interpretando um personagem que sempre quis ter feito e estava amando fazer aquilo.
Somado a isso, o enredo de uma costureira que criou três filhos sozinha, apaixonada pelo samba e pelos livros, aspirante a professora, e um milionário do mercado literário, ranzinza, que pouco se importava com a família, estando nos seus últimos meses de vida por conta de uma doença terminal, também foram a mola precursora para que a novela caísse no paladar dos noveleiros de plantão. Afinal de contas, costura e samba são, digamos, o que move o Brasil, somado aos esportes que no caso foi representado pelo basquete no personagem Ramon (David Junior), amor de juventude de Paloma.
Outros personagens também contribuíram para o sucesso da trama, como Marcos (Rômulo Estrela), filho de Alberto e apaixonado por Paloma; Nana (Fabíula Nascimento), também filha de Alberto que tenta salvar a editora do pai e que nutre uma aversão à Paloma; Silvana (Ingrid Guimarães), uma atriz que faz de um tudo pela fama; o vilão Diogo (Armando Babaioff), casado com a filha de Alberto, mas que a trai com Gisele (Sheron Menezzes), que encontra o caminho da redenção durante a novela. Destaque também para o ator Lúcio Mauro Filho que esteve brilhante na novela após 20 anos no humor.
Acima de tudo, “Bom Sucesso” foi uma novela alegre, um oásis para a TV brasileira, e com história muito bem escrita, fascinante para os amantes da arte da escrita. Uma boa história interpretada por ótimos atores e atrizes só poderia resultar em sucesso. Aliás, a novela já traz o sucesso no nome.
Rosane Svartman e Paulo Halm merecem todos os aplausos por contarem uma história que vai contra os tempos atuais, onde os livros estão cada vez mais desvalorizados. O elenco da trama também merece todos os aplausos pela entrega em seus respectivos personagens. Todos os aplausos, de pé, para “Bom Sucesso”.