Transportadores de combustíveis paralisaram as atividades na madrugada desta segunda-feira (9 de junho), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A greve, considerada de adesão total segundo o Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Sindtanque-MG), envolve dezenas de caminhões-tanque estacionados nas imediações da base da Vibra Energia, uma das principais distribuidoras do estado.
A categoria afirma que o abastecimento de postos de combustíveis e aeroportos pode ser comprometido já nas próximas 24 horas, caso as demandas não sejam atendidas.
Reivindicações dos caminhoneiros
Os motoristas alegam que a Vibra Energia — antiga BR Distribuidora — está descumprindo duas legislações federais. A primeira é a Lei nº 13.703/2018, que estabelece o Piso Mínimo de Frete. A segunda é a Lei nº 10.209/2001, que regulamenta o Vale-Pedágio Obrigatório.
“O frete tem sido pago com até 15% de defasagem em relação ao mínimo estabelecido. Já o vale-pedágio, quando pago, chega com atraso e pela metade do valor devido”, afirma Irani Gomes, presidente do Sindtanque-MG.
Segundo ele, os caminhoneiros tentam negociação há cerca de um mês, sem sucesso.
Além disso, Gomes destaca que a paralisação não tem previsão de término.
“A greve é por tempo indeterminado. Estamos pedindo o cumprimento da lei”.
Local e adesão
A mobilização se concentra na entrada da base da Vibra, próxima à Refinaria Gabriel Passos (Regap), no Distrito Industrial Paulo Camilo Sul. Imagens divulgadas pelo movimento mostram dezenas de veículos parados no local.
O presidente do Sindtanque-MG afirma que a adesão à paralisação é total. “Estamos com 100% dos transportadores parados”, declarou.
Abastecimento pode ser afetado
De acordo com os grevistas, a interrupção dos serviços deve gerar efeitos imediatos no abastecimento de combustíveis em Minas Gerais. “Postos e aeroportos não operam com estoques robustos. O impacto será rápido”, alerta Gomes.
O sindicato cobra ainda uma atuação mais firme da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para fiscalizar o cumprimento das normas em vigor.
Posição da empresa Vibra
Em nota enviada à imprensa, a Vibra Energia confirmou a paralisação de parte dos caminhões-tanque que prestam serviço à empresa em Betim. No entanto, afirmou que os contratos com as transportadoras estão ativos e devem ser respeitados.
“A companhia está adotando todas as medidas necessárias para mitigar eventuais riscos de desabastecimento e atendimento a seus clientes”, diz o comunicado.
A empresa também informou que está aberta ao diálogo individual com seus contratados, mas repudia qualquer tentativa de combinação coletiva de preços, o que poderia configurar infração à legislação de defesa da concorrência.
“A Vibra reitera seu compromisso com a regularidade do abastecimento no estado de Minas Gerais e permanece em articulação com os órgãos competentes para assegurar a continuidade dos serviços”, conclui a nota.
Minaspetro acompanha os desdobramentos
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) disse que está monitorando a situação e manterá os revendedores informados.
“O Minaspetro irá se inteirando sobre os desdobramentos da manifestação ao longo do dia e emitirá comunicados para os revendedores nos canais de comunicação”, declarou a entidade.
Panorama nacional
A Vibra Energia é uma das maiores distribuidoras de combustíveis e lubrificantes do Brasil, com atuação em todo o território nacional. O movimento em Betim ocorre em um contexto de instabilidade no setor de transportes e acende o alerta sobre possíveis mobilizações semelhantes em outras regiões.
Nos últimos meses, entidades ligadas ao transporte rodoviário de cargas têm pressionado o governo federal e grandes empresas contratantes por melhores condições de trabalho e cumprimento das normas em vigor, especialmente após revisões no cálculo do piso mínimo do frete.
