O trem turístico que liga as cidades históricas de Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais, poderá voltar a operar em 2027. A previsão foi anunciada pelo prefeito de Mariana, Juliano Duarte, durante um evento cultural realizado nesta semana na Catedral Basílica da Sé.
Suspenso desde 2020, quando as operações foram interrompidas pela pandemia da Covid-19, o serviço ferroviário depende de tratativas entre a Prefeitura de Mariana, a administração de Ouro Preto e a mineradora Vale, responsável pela linha. Segundo o prefeito, o retorno do trem está sendo discutido dentro de uma estratégia voltada ao turismo ferroviário e à integração com o calendário cultural e religioso da região.
Antes da paralisação, o trem atendia moradores e turistas que circulavam entre as duas cidades no mesmo dia. O deslocamento permitia acompanhar programações culturais em Mariana e retornar a Ouro Preto sem a necessidade de transporte rodoviário, fortalecendo o fluxo turístico regional.
O trajeto possui cerca de 18 quilômetros e duração média de uma hora, atravessando áreas com túneis, paredões rochosos e cursos d’água. As estações ferroviárias de Ouro Preto e Mariana passaram por obras de recuperação ao longo dos anos em que o serviço esteve ativo, integrando o patrimônio histórico e turístico dos municípios.
Desde a suspensão das viagens, prefeituras da região e a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária vêm cobrando da Vale a retomada da operação. Até o momento, a empresa não divulgou detalhes técnicos, cronograma de obras ou etapas previstas para a reabertura do serviço.
Como era o Trem da Vale
O Trem da Vale fazia a ligação entre Ouro Preto e Mariana com uma proposta que combinava transporte turístico e preservação histórica. Os carros mantinham o desenho dos antigos trens que circularam pela ferrovia, com interiores predominantemente em madeira, reforçando a experiência de uma viagem que remetia a outras épocas.
A composição era formada por seis carros de passageiros. Cinco deles eram vagões convencionais, com capacidade total para 240 assentos. O destaque ficava por conta do vagão panorâmico, equipado com estrutura transparente que permitia a visualização ampla das paisagens ao longo do trajeto, incluindo áreas naturais e cachoeiras.
Ao todo, o trem tinha capacidade para 292 passageiros. O modelo atraía tanto turistas quanto moradores da região, sendo considerado uma das principais atrações do circuito turístico entre as duas cidades históricas.
Cobrança política e expectativa de retomada
A discussão sobre a reativação do trem ganhou novo fôlego em setembro, durante a inauguração da mina Capanema, em Ouro Preto. Na ocasião, o prefeito Angelo Oswaldo cobrou diretamente do presidente da Vale, Gustavo Pimenta, o retorno do serviço ferroviário.
“Queremos a volta do Trem da Vale. Ouro Preto vive um crescimento expressivo do turismo, e essa é uma demanda constante de moradores e visitantes”, afirmou o prefeito.
O prefeito de Mariana também defendeu a retomada da atividade, destacando que o percurso ferroviário era uma das principais atrações turísticas da região e fazia parte da dinâmica econômica ligada à visitação.
Em resposta, Gustavo Pimenta declarou que a empresa pretende acelerar as providências necessárias para restabelecer o serviço. Apesar da sinalização positiva, a retomada ainda aguarda confirmação oficial da Vale sobre as condições operacionais da linha e a definição de um calendário definitivo.



