Desde o princípio dos tempos, o homem passou a desenhar suas angústias e esquematizar seus sonhos. Ir à lua, ir a Marte. A ambição de ir além, outrora adormecida, despertou com voracidade e o homem, finalmente, atingiu feitos antes inimagináveis pela limitada mente humana. Mas ainda assim, no pensamento humano, sempre é possível ir além…
Buscar fora o que pode ser encontrado dentro, mas guardar e perpetuar o que está dentro para… Para quem? Robôs?! O homem, sempre o homem, e o seu desejo incessante de evoluir a todo e qualquer custo sem se importar com as consequências. A pergunta que fica é até quando a evolução precisará do homem, uma vez que o homem é finito e a evolução é constante?
Bill Joy (William Nelson Joy), cientista americano da computação, cofundador da Microsystems e criador da linguagem Java, já demonstrou essa preocupação quando escreveu o ensaio “Why the future doesn’t need us” (“Porque o futuro não precisa de nós”). De acordo com o seu texto, os crescentes avanços em engenharia genética e nanotecnologia poderão trazer um risco existencial à humanidade.
De acordo com Bill, “à medida em que a sociedade e seus problemas se tornam cada vez mais complexos, e as máquinas, cada vez mais inteligentes, as pessoas deixarão que as máquinas tomem cada vez mais decisões por elas, simplesmente porque as decisões tomadas por máquinas trarão resultados melhores do que os decorrentes de decisões humanas.”.
Em EXT… Um dia a evolução não precisará mais de nós, Anthony Hal, também expressa sua preocupação, com base em seus estudos acerca do comportamento humano, história do século XX, inteligência artificial, ficção científica e história da ciência. Trata-se de um ensaio com base no que sabemos até o momento, reunindo os temas de maior importância da atualidade em uma história que busca imaginar o futuro.
Na obra, o homem do passado dialoga com o homem do futuro, expondo o mal presente em seus corações que sempre fez com um se sobressaísse ao outro, promovendo o princípio do fim de um universo sem fim. O homem do passado carrega em si a sua origem primitiva, enquanto o homem do futuro exala tecnologia. Os dois homens ocupam o mesmo espaço e esse espaço é preenchido pelo vazio existencial.
Aliás, esse homem do passado lutou – e muito – para barrar o homem do futuro. No início do século XIX, nos primórdios da Revolução Industrial, o homem deu origem ao ludismo, movimento contrário à industrialização e à mecanização do trabalho. Mais do que uma rejeição à tecnologia, o homem ludista se recusava a aceitar o mundo moderno, todavia buscava compreender o mundo tecnológico.
Anthony Hal não questiona quem somos ou de onde viemos, mas questiona para onde estamos indo. Qual será o futuro do homem? Extinguir para recriar será o caminho? A ideia principal é se informar sobre as novas tecnologias antes de abraçá-las. Se informar, antes de tudo, e questionar sempre, por que um dia pode ser que, de fato, a evolução não necessite mais do homem, restando apenas o pó da vida perdido no espaço.
EXT… Um dia a evolução não precisará mais de nós pode ser encontrado no site da Editora Schoba.
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