Novas informações sobre o caso Ingidy Cristina foram reveladas pelos delegados Cristiano Castelucci Arantes e Alfredo Resende Coelho, que estão trabalhando em conjunto para desvendar o que aconteceu na tarde da última sexta-feira (14) com a criança de 10 anos que foi morta em Furquim, distrito de Mariana (MG).
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (18), os delegados disseram que o atendimento ao tráfico de drogas, entre outras ocorrências, foram interrompidas para que as investigações no caso Ingridy Cristina pudessem prosseguir mais rapidamente.
O Suspeito
Segundo Cristiano Castelucci, o suspeito de 24 anos que está preso em Mariana é uma pessoa já conhecida no meio policial. Primeiramente houve um vínculo do suspeito com o local onde foi encontrado o corpo da vítima, isso porque no mesmo dia em que ela desapareceu, um furto havia sido realizado próximo ao lugar. Na ocasião, o ladrão levou um botijão de gás e uma televisão. O botijão foi vendido para uma moradora de Furquim, que já foi responsabilizada pelo crime de receptação. O aparelho de TV foi encontrado em um local escondido, próximo a algumas pedras a poucos metros de distância do local onde estava o corpo da criança.
A polícia também recebeu informações através de depoimentos de que o suspeito costumava furtar roupas íntimas feminina no varal das casas das pessoas, e que após utilizadas, eram descartadas, e posteriormente, eram encontradas sujas. Há também informações de que ele faz uso excessivo de bebida alcoólica e entorpecentes, como cocaína e crack.
O delegado apresentou à imprensa um outro indício que compromete o suspeito. Segundo Cristiano, o suspeito será submetido ao exame de corpo de delito, pois em seu corpo puderam ser vistas marcas características de lesões de defesa que podem ter sido deixadas pela vítima. O material genético do suspeito também será colhido para comparação com o material colhido no corpo da vítima.
Alfredo Resende fez questão de ressaltar que “todas as conclusões que nós temos até agora foram alicerçadas em provas objetivas, materiais e provas subjetivas, não há nenhum tipo de inferências, de convicção pessoal, é uma diretriz da chefia da Polícia Civil, é uma diretriz dos órgãos de defesa pessoal de Minas Gerais, para que nada seja alicerçado em conclusões meramente pessoais, em convicções, tudo tem que ser alicerçado em provas”.
Resende também falou sobre direitos humanos: “Todos os direitos constitucionais dos investigados e as conclusões foram integralmente assegurados, a ele foi dado o direito do silêncio e o direito a defesa, inclusive porque ele estava sendo ameaçado na comunidade com relação a sua integridade física, pela gravidade do crime que ele cometeu”
Como aconteceu o crime
O delegado Castelucci iniciou a coletiva contando como a polícia acredita que o crime tenha acontecido. “A criança se deslocava da sua residência para casa de sua avó e ela utilizava uma trilha na mata que ficava localizada nas proximidades de sua casa. Ela foi encontrada no dia seguinte, no sábado, por um dos moradores que auxiliava nas buscas. Seu corpo estava escondido ao lado de uma pedra, coberto por folhas e galhos. A menina estava bastante machucada, com vários hematomas pelo corpo, tórax, abdômen, cabeça. Ele apertou tanto o pescoço da menina que chegou a fraturar os ossos, uma brutalidade sem tamanho”, contou.
Castelucci também confirmou que houve crime de estupro antes do assassinato, o que ainda não está claro para a polícia é a dimensão da violência sexual praticada contra a criança. O laudo está sendo aguardado. “O exame necroscópico ainda não está concluso”, disse o delegado.
Participação da comunidade de Furquim foi importante
Como já foi escrito, embora a polícia e o Corpo de Bombeiros tivessem encerrado as buscas pela menina Ingridy, a população continuou noite adentro em busca de uma resposta para o sumiço da criança, até que um morador a encontrou sem vida.
Após a confirmação da morte de Ingridy Cristina, muitas pessoas foram para o centro do distrito aguardar a chegada do seu corpo, que passou por necrópsia em Itabirito (MG).
No domingo (16) houve manifestação em solidariedade à família e homenagem à criança.
“A dignidade da vida humana, a vida humana, o patrimônio, todos os bens jurídicos tutelados pela constituição e pela ordem jurídica não são restituídos a comunidade sem que ela participe ativamente do processo em proximidade com a polícia”, disse Alfredo Resende.