A Universidade de São Paulo (USP) discute o encerramento das licenciaturas em Linguística, Latim e Grego da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo e aponta como justificativa a baixa demanda de mercado e a ausência dessas disciplinas na educação básica brasileira.
A FFLCH oferece atualmente licenciaturas com várias habilitações, incluindo línguas como alemão, árabe, chinês, coreano, espanhol, francês, japonês, hebraico, italiano, russo e, claro, português; além de Linguística e línguas clássicas como Latim e Grego. Em todos os casos, o curso promove não apenas o domínio da língua, mas também a reflexão crítica sobre suas literaturas.
O curso de Letras da USP é estruturado em dois eixos: o bacharelado e a licenciatura, sendo esta uma formação complementar que capacita o graduado para atuar na educação básica. No modelo atual, os alunos iniciam com um ano básico comum e, posteriormente, escolhem a habilitação específica.
Segundo a FFLCH, em resposta à Folha de S.Paulo, ainda não há decisão final sobre o fechamento das licenciaturas. No entanto, o movimento é considerado coerente com a realidade do mercado, uma vez que não há demanda para o ensino de Latim, Grego Antigo ou Linguística no ensino fundamental e médio. A tendência é de manutenção dos estudos clássicos apenas no bacharelado e na pós-graduação.

A possível extinção das licenciaturas, embora racional sob a perspectiva de empregabilidade, gera questionamentos sobre o papel da universidade pública. A crítica principal é que a administração pública deve trabalhar pela ampliação do acesso e do conhecimento, e não pela supressão de áreas do saber.
Como alternativa, poderia se discutir a criação de um curso específico voltado ao estudo das línguas e culturas clássicas, reconfigurando o espaço acadêmico para Latim e Grego. Essa solução poderia preservar a pesquisa e o aprofundamento em textos antigos, cuja complexidade cultural e linguística ainda desafia tecnologias modernas como a inteligência artificial.
A proposta em análise reforça um cenário mais amplo: cursos de baixa procura e limitada aplicação prática tendem a sofrer reestruturações em universidades públicas (ou privadas), pressionadas por demandas de eficiência e corte de custos.