Tem hora certa pra vaiar? Alguns jogadores do Cruzeiro acreditam que sim. Dedé e Edilson falaram sobre as vaias recebidas durante e após a derrota por 1 a 0 contra o Grêmio pela estreia do Campeonato Brasileiro e criticaram a atitude dos torcedores de vaiar durante o jogo. Para eles o torcedor tinha sim o direito de vaiar, mas ao fim da partida, pois durante o jogo tal manifestação mais atrapalha que ajuda os atletas. A equipe celeste voltou a jogar muito mal, depois de fazer uma ótima partida contra o Atlético-MG pela final do Campeonato Mineiro e levantar a taça, o que fez os torcedores acreditarem que a partida contra o rival foi um ponto fora da curva e que é esse futebol preguiçoso que é a realidade da equipe.
Questionado sobre as vaias, Dedé falou da postura da torcida, classificando como válida, mas reiterando que durante o jogo não é o momento mais propício pra esse tipo de reclamação.
– Eu vejo o carinho do torcedor comigo, falando sobre minha vontade em campo. Mas eu falo com o torcedor que nunca vai faltar entrega dos jogadores. Vocês não têm noção do quanto saímos triste do jogo do Grêmio, porque fizemos de tudo para sair com a vitória. Todo mundo saiu morto, exausto, cansado. Tentamos fazer de tudo, mas muitos torcedores veem uma situação do jogo e acham que um ou outro jogador não está se entregando. Conversei com todos os jogadores. Em campo todo mundo tentou orientar o companheiro. Fiquei muito chateado e falei isso na última coletiva. A gente entende o torcedor cobrar, mas não tinha nem terminado o primeiro tempo e puxaram algumas vaias. Faltou incentivar um pouco. Nós precisamos muito do apoio do torcedor e a gente sabe do potencial do torcedor cruzeirense. O jogo contra o Atlético foi um exemplo. Eu vi vários torcedores falando que iam lotar o Mineirão, que acreditavam na virada, pedindo força e garra. O resultado foi maravilhoso e nós precisamos do torcedor.
Edilson também criticou a postura da torcida do Cruzeiro, frisando que o apoio das arquibancadas é primordial e pode levar a equipe a grandes resultados, como foi na final do Mineiro.
– Nos chateia (as vaias). O torcedor precisa entender que foi um diferencial no início da temporada e na final contra o Atlético, porque lotaram o estádio e nos apoiaram o tempo todo. Eles estão no direito de vaiar depois do jogo, mas durante o jogo não é legal, porque acaba deixando nossa equipe para baixo. Às vezes as coisas não estão dando certo, mas (a vaia) piora. A gente precisa que o torcedor esteja do nosso lado. Estamos apenas no início do Brasileirão e vamos encontrar jogos difíceis como foi esse contra o Grêmio, que não jogamos bem. Mas luta e falta de dedicação nunca vai ter no nosso elenco, que é aguerrido e se cobra muito. Entendemos as vaias depois, mas durante queremos eles do nosso lado. Eles precisam saber o papel importante que fazem ao vibrarem junto, como foi na final do Mineiro. O torcedor acreditou, nos apoiou e por isso vencemos e fomos campeões.
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Agora vejamos, o torcedor sai de casa num sábado à tarde, pega transito, paga o ingresso, gasta com transporte, estacionamento, comida e vê seu time com um elenco caro e qualificado ficar com 25% de posse de bola em certos momentos do jogo e não dar um chute de perigo sequer ao gol adversário e ainda tem que demonstrar paciência? Se pelo menos fosse a primeira vez que o time se postasse dessa forma, daria para entender as queixas dos atletas. Mas não, isso já vem se tornando recorrente. Em quatro dos seis jogos contra adversários mais fortes até agora no ano, o Cruzeiro jogou terrivelmente. E o que mais irrita a torcida é a postura do time, que mesmo em casa não consegue atacar ou ficar com a bola em seu domínio. Nós torcedores sabemos que as vaias durante a partida podem incomodar e pressionar a equipe, mas o torcedor é paixão. O torcedor vive pelo clube e quando vê uma dúzia de pessoas – não é senhor Mano Menezes – transformando o time num amontoado sem alma, não há quem resista e siga incentivando.
Entendam Dedé, Edilson e resto do elenco do Cruzeiro, vocês são o catalizador da torcida. No dia oito, vocês entraram em campo com sangue nos olhos, raça e vontade e mesmo que perdessem ali, seriam aplaudidos. Mas naquele mesmo jogo, se entrassem morosos, preguiçosos como se viu contra o Grêmio, Vasco e etc., aquela festa jamais teria existido.
Podem ter certeza que se doarem seu sangue e suor por nós, doaremos nossas vozes e almas por vocês. Mas agora se não doarem nada, nós daremos nossa insatisfação a vocês. E como vocês mesmos afirmaram, temos esse direito.
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