Em algumas regiões do Brasil, chove o suficiente; em outras, apenas o mínimo, ou até menos do que o necessário. Mas, independentemente do lugar, é comum que a chuva desperte um impulso quase automático: colocar o fone no ouvido, dar play na playlist preferida, deitar na cama ou no sofá e simplesmente aproveitar o momento. Se o teto da casa for de telha, melhor ainda, porque não existe nada melhor no mundo que relaxar com o som da água batendo no telhado.
É uma sensação acolhedora, não é mesmo? Mas já parou para pensar por que a chuva acalma tanto? Em que momento ela deixou de ser só um fenômeno climático para se tornar quase um ritual de paz?
Na infância, talvez a única importância dada à chuva tenha sido o famoso banho correndo pela rua. Com o tempo, no entanto, muitos passam a vê-la como um sinônimo de introspecção. E isso não é apenas uma impressão subjetiva — existe até um termo que dá nome a esse sentimento.
A Academia Brasileira de Letras, que semanalmente divulga palavras em ascensão no uso do português, sejam neologismos, estrangeirismos ou termos com novos significados, incluiu em seu repertório a palavra “pluviófilo”. Segundo a definição oficial:

Pluviófilo (adj.): Que sente amor ou atração especial pela chuva, seja pela visão e o som dos pingos caindo, pelo aroma terroso dos dias nublados, pela sensação tátil das gotas d’água ou simplesmente pelo clima fechado. Para essas pessoas, a chuva costuma trazer bem-estar e alegria.
Pluviófilo (s.m.): Pessoa que ama a chuva, que aprecia a experiência de dias chuvosos.
Se você se identificou, talvez já saiba: você é, sim, um pluviófilo. E talvez o que pareça apenas uma preferência pessoal revele, na verdade, uma forma sutil de se reconectar consigo mesmo em meio ao barulho do mundo, encontrando sossego no som da água caindo.