Zema evita conflito com Bolsonaro: "tem direito de se manifestar"

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Recentemente, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), se envolveu em polêmicas durante o último final de semana. Ele não assinou a carta aberta dos governadores contra as declarações de Jair Bolsonaro, que tem criticado o Congresso nacional durante o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no Brasil. Inclusive, o presidente da República tem descumprido as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS), comparecendo em reuniões de pessoas com aglomerações e fazendo discursos a favor de uma intervenção militar.
Na tarde desta segunda-feira (20), Romeu Zema compareceu à TV Globo para dar esclarecimentos e informações quanto à situação do coronavírus em Minas Gerais. Durante a entrevista, mais uma vez, o governador se esquivou de criticar o presidente da República, dizendo que “um governador deve se ater à gestão do seu estado. Eu já tenho tantos incêndios para apagar em Minas Gerais, com uma crise financeira descomunal”.
Mas Zema não deixou de comentar que há falas e ações de Bolsonaro que são desnecessárias dentro do plano da pandemia que o Brasil vive atualmente. “Eu vejo que está havendo um movimento desnecessário com relação a algumas falas do presidente. Eu costumo dizer, que se ele arrotar, vai virar motivo de alguém se manifestar”, afirmou o governador.
Quanto ao coronavírus no estado, Zema disse que, em comparação aos outros estados, Minas Gerais tem uma curva menor na evolução da doença. E ainda, o governador confirmou que, neste momento, a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é de 3%, mas que pode subir dez a quinze vezes, e mesmo assim, haverá unidades e atendimentos para todos.

Recentemente, Romeu Zema assinou um decreto que obriga o uso de máscaras para todos no estado, como medida de prevenção ao coronavírus. Já quanto à reabertura do comércio, o governador disse que estuda possibilidades e protocolos alternativos para os prefeitos.

Carta contra Bolsonaro

Em uma carta aberta, 20 governadores estaduais manifestaram apoio à atuação do presidente do Senado, Davi Alçolumbre (DEM-AP), e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para atender as necessidades dos estados em meio à crise do coronavírus. O documento, com data de sábado (18), foi divulgado neste domingo (19).
Dos 27 governadores, 20 assinaram o documento. Além de Zema, ficaram de fora Gladson Cameli (Acre), Wilson Lima (Amazonas), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Ratinho Júnior (Paraná), Marcos Rocha (Rondônia) e Antônio Denarium (Roraima).
Leia a carta na íntegra:
“O Fórum Nacional de Governadores manifesta apoio ao Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diante das declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a postura dos dois líderes do parlamento brasileiro, afrontando princípios democráticos que fundamentam nossa nação.
Nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros. Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto, precisam ser concentrados os maiories esforços de socorro federativo.
Nossa ação nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios tem sido pautada pelos indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia, buscando, neste caso, evitar escolhas malsucedidas e seguir as exitosas.
Não julgamos haver conflitos inconciliáveis entre a salvaguarda da saúde da população e a proteção da economia nacional, ainda que os momentos para agir mais diretamente em defesa de uma e de outra possam ser distintos.
Consideramos fundamental superar nossas eventuais diferenças através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades.
A saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses políticos, em especial nesse momento de crise.”

Zema valoriza luta pela Democracia

Após não assinar a carta aberta dos governadores estaduais contra o presidente Jair Bolsonaro, Romeu Zema foi até sua conta no Twitter justificar sua posição e ainda, reforçando que não ter feito o ato contra o presidente, não diminui seu apreço ou luta pela democracia.

“Pessoal, por favor, não assinar uma carta não diminui meu apreço ou luta pela Democracia. Não sou a favor da volta do regime militar. Não consigo imaginar como, ainda hoje, um discurso contra a Democracia possa ter eco. Defender a Constituição e as instituições é meu dever!”, declarou o governador.

Zema ainda disse que não consegue “imaginar como, ainda hoje, um discurso contra a democracia possa ter eco”.
“Não cabe a mim discutir o relacionamento entre os Presidentes da República e Câmara. Meu compromisso é a construção de pontes em Minas com os chefes de poderes por meio de uma relação amistosa, republicana e respeitosa. Meu compromisso é com a vida e a liberdade do povo mineiro”, afirmou Zema em sua conta no Twitter.
Veja também: Número volta a crescer e Minas Gerais chega a 41 mortes por coronavírus

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