Adultos têm trocado smartphones por ‘dumbphones’: tendência revela busca por equilíbrio digital e mental

Adultos têm trocado smartphones por ‘dumbphones’: tendência revela busca por equilíbrio digital e mental

Você está lendo um livro e escuta uma notificação. Prepara um lanche e lá vem outro alerta. Está no banheiro e… “beep”, mais uma. Se na adolescência o smartphone era quase uma extensão do corpo, os anos foram passando e, para muitos, passou a ser um incômodo. O som das notificações, antes bem-vindo, virou ruído. Não à toa, um número crescente de brasileiros tem deixado o celular no silencioso, e mais do que isso: muitos estão trocando seus smartphones por aparelhos básicos, os chamados “dumbphones” (“celulares burros”).

Esses dispositivos, com funções limitadas a chamadas e mensagens SMS, além de uma bateria que pode durar dias, têm conquistado espaço entre adultos que buscam uma vida menos conectada. A tendência ganhou força em um cenário de excesso de estímulos digitais, redes sociais, algoritmos e aplicativos de produtividade que, paradoxalmente, minam a atenção e o bem-estar.

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, 87,6% da população brasileira com 10 anos ou mais possuía celular para uso pessoal — cerca de 163,8 milhões de pessoas. Já a pesquisa anual “FGVcia” estimou que o Brasil contava, em 2024, com 258 milhões de smartphones em uso, número que chega a 384 milhões se considerados outros dispositivos como tablets e notebooks. A média é de 1,8 aparelho por habitante.

Apesar disso, o desengajamento digital começa a se consolidar como um novo estilo de vida, especialmente entre os millennials e a geração Z. Modelos como o Light Phone e o Punkt MP02, que só fazem chamadas, enviam mensagens e funcionam como despertadores ou GPS, ganharam popularidade. Eles excluem redes sociais, e-mails e navegadores — eliminando, assim, as principais fontes de distração.

O movimento não se resume à nostalgia. Muitos adeptos relatam maior produtividade, menos ansiedade e mais tempo de qualidade. O uso da tela, antes superior a nove horas diárias, cai drasticamente em alguns casos. Outros simplesmente enxergam a mudança como uma experiência ou forma de reencontrar prazer em atividades offline, como leitura, caminhadas e conversas presenciais.

Em um mundo hiperconectado, trocar o smartphone por um aparelho básico pode parecer radical, mas tem sido, para muitos, um passo consciente rumo à reconexão com o essencial, longe dos ruídos digitais.

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