Casos de mulheres que utilizaram pílulas combinadas como método contraceptivo e tiveram problemas de saúde geram grande repercussão na mídia e dúvidas nas pacientes. Esses tipos de anticoncepcionais tem como base a combinação de diferentes hormônios sintéticos, geralmente um estrogênio e um progestágeno, que inibem a ovulação e possuem uma eficácia de 95 a 99%, quando utilizado conforme instruções médicas.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mulheres que utilizam anticoncepcionais possuem de quatro a seis vezes mais chances de desenvolver trombose, e o risco aumenta com a idade. “A incidência é que quatro a cada dez mil mulheres tenham a doença, e, entre 35 e 39 anos, o número passa para nove a cada dez mil”, conta o ginecologista e obstetra Jan Pawel Andrade Pachnicki, professor do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP). Além de evitarem a gravidez, as pílulas podem auxiliar no tratamento de acnes, cólicas menstruais, sangramentos irregulares, diminuição do fluxo menstrual, entre outros sintomas.
Apesar da facilidade de acesso a esses medicamentos, segundo o médico, a prescrição, o aconselhamento e o acompanhamento médico é de suma importância. “Há diversos tipos de pílulas anticoncepcionais no mercado. Não existe uma única ideal, cada caso deve ser analisado para que a indicação seja correta”, explica o médico. Segundo relatório da ONU, 79% das mulheres no Brasil utilizam algum tipo de método contraceptivo, como esterilização, camisinha, DIU e pílulas. As pílulas representam 24% do total mas, apesar de muito populares, grande parte das mulheres relatam problemas após o uso. “Apesar das composições terem mudado, da dose estrogênica ter diminuído, os riscos de desenvolver doenças venosas, por exemplo, ainda existem”, alerta Pachnicki.
Uma das doenças que podem ter seu risco aumentado com o uso de anticoncepcionais é a trombose venosa. Caracterizada pela formação de coagulação de sangue em uma veia profunda, a trombose acontece, geralmente, em membros inferiores, como panturrilhas e coxas. Segundo o médico, as veias da perna têm, naturalmente, maior dificuldade de transportar o sangue para o coração (retorno venoso prejudicado) – e o uso de pílulas contendo etinilestradiol podem potencializar essa complicação: “a piora do retorno venoso e lesões nos vasos de membros inferiores aumentam a chance da formação de um trombo pelo uso de alguns contraceptivos. Se os coágulos de sangue se soltam, há risco de pararem nos pulmões ou no cérebro, bloqueando o fluxo sanguíneo e levando à morte”. Pachnicki adiciona que, além do uso do contraceptivo, histórico familiar de trombofilias, obesidade e uso de cigarro podem elevar ainda mais os riscos de trombose.
Importância do diagnóstico
Estima-se que cerca de 60% das predisposições à trombose sejam atribuídas a fatores genéticos. Os testes moleculares permitem determinar este risco de forma preventiva, garantindo uma melhor qualidade de vida ao paciente. “Um diagnóstico assertivo e precoce é essencial para o acompanhamento médico adequado, permitindo a tomada de ações antecipadas antes mesmo do surgimento dos primeiros sintomas”, comenta o gerente do DB Molecular, Nelson Gaburo. “Os exames moleculares permitem fazer um acompanhamento preciso da saúde da mulher. Alguns, conseguem pesquisar alterações genéticas no feto, ainda durante a gestação, utilizando como amostra o sangue materno, sem oferecer qualquer risco ao feto”, explica o gerente.
A pesquisa de predisposição à trombofilia pode ser realizada a partir de uma amostra simples de sangue, utilizando a metodologia de PCR em tempo real. Dessa forma, é possível determinar o risco do indivíduo em desenvolver a formação de trombos, que podem inclusive causar perdas fetais repetidas. Gaburo também comenta que, com o resultado do teste genético, podem ser tomadas ações preventivas para evitar a formação destes trombos, como o início de um tratamento medicamentoso e mudança no estilo de vida da paciente.
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