A proibição da venda sem receita em farmácias dos medicamentos cloroquina, hidroxicloroquin, nitazoxanida e ivermectina foram publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O objetivo da norma é impedir a compra indiscriminada de medicamentos que têm sido amplamente divulgados como um potencial combatente à infecção do novo coronavírus, principalmente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Também, a medida visa manter os estoques destinados aos pacientes que já têm indicação médica para o uso desses remédios para tratamento de outras doenças, como a malária (cloroquina e hidroxicloroquina); artrite reumatoide, lúpus e outras (hidroxicloroquina); doenças parasitárias (nitazoxanida) e tratamento de infecções parasitárias (ivermectina).
Essas orientações estão na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 405/2020, publicada ontem no Diário Oficial da União . De acordo com a agência, a lista poderá ser revista a qualquer momento para a inclusão de novos medicamentos, caso seja necessário.
Com isso, a compra desses produtos passam a ser permitidos apenas com receita médica em duas vias, as quais teram validade de 30 dias a partir da data de emissão e poderá ser utilizada somente uma vez. A resolução será revogada automaticamente a partir do reconhecimento, pelo Ministério da Saúde, de que não se configura mais a situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
Ineficácia do tratamento com hidróxicloroquina
Um estudo feito por pesquisadores de um consórcio de instituições de saúde brasileiras concluiu que a hidroxicloroquina não é eficaz para o tratamento de caso de Covid-19. A pesquisa foi publicada no “New England Journal of Medicine” nessa quinta-feira (23).
Os pesquisadores da Coalizão Covid-19 Brasil conduziram um ensaio clínico de 15 dias com três grupos, abordando um total de 667 pacientes em 55 hospitais de todo o país. Para um grupo foi ministrada apenas hidroxicloroquina, para outro hidroxicloroquina e azitromicina e para o terceiro nenhum dos remédios.
Os autores não encontraram efeitos do uso de hidroxicloroquina sozinha ou com azitromicina em comparação com os pacientes que não receberam os remédios.
4 milhões de comprimidos de cloroquina parados
De acordo com informações da Folha de São Paulo, ainda no mês de maio, em reunião com técnicos de combate ao novo coronavírus, foi feito o alerta do Ministério da Saúde sobre negociar a vinda de três toneladas de material para a produção da cloroquina.
No início de julho, o Governo Federal tinha uma reserva de 4.019.500 comprimidos de cloroquina, pouco menos previsto para a distribuição, que era 4.374.000, segundo informações da Folha de São Paulo. Entretanto, alguns estados não quiseram receber o medicamento e novas distribuições, que estariam previstas para julho e agosto, não trazem quantidades e nem os locais
Sem comprovação científica de eficácia para o novo coronavírus, a cloroquina é defendida pelo presidente do Brasil, que está infectado com Covid-19, alega tomar o medicamento e ter sentido melhora. Apesar disso, Jair Bolsonaro não se curou da doença e já soma a terceira semana com o vírus.